O percurso programado para hoje – Vilhena/RO à Porto Velho/RO – 702 km
Saímos do hotel as 07:30 embaixo de chuva e neblina, mas o que parecia um dia fresco e úmido em poucos quilômetros se transformou num dia muito quente, e acabamos sofrendo bastante com o calor. Somente após chegarmos no hotel em Porto Velho, aproximadamente às 18:00 horas, foi que vimos a chuva tão desejada durante todo o dia.
Tivemos alguns transtornos hoje, primeiro com a moto do Bráulio (V Stron 1.000) e depois um problema mais grave com a moto do Antonio Soutes (BMW GS 1200), e até o presente momento ainda não sabemos se ele continuará na viagem com a moto, mas estamos torcendo para que dê tudo certo.
Eu gostaria de registrar nesse blog algumas impressões femininas durante a viagem, já que muitas pessoas tem me perguntado sobre a razão da viagem, o desconforto da motocicleta, as intempéries do clima, a bagagem extremamente reduzida para uma mulher, o programa em tese masculino, etc...
Primeiramente é interessante dizer que apenas eu e minha amiga Luciana, esposa do nosso amigo Dean, somos as únicas mulheres que farão o percurso todo (9.000 km) em moto. Ainda se juntarão a nós durante uma semana, mais três mulheres dos nossos companheiros de viagem.
Ontem pela manhã quando um repórter da TV Centro América me perguntou sobre o que eu sentia em ser uma de apenas duas mulheres que fariam todo o percurso de moto, confesso que não soube responder.
Sinceramente jamais pensei que estava fazendo algo de extraordinário, isso porque desde que decidimos fazer a viagem nos preocupados em estar com todos os equipamentos necessários (roupas impermeáveis, capas de chuva, roupas com forros para o frio, botas impermeáveis, capacetes apropriados, etc) para enfrentar os “inconvenientes” da viagem como a chuva, o calor e o frio, e também estar com uma motocicleta que nos desse conforto.
O planejamento da viagem foi uma etapa essencial para nos dar confiança quanto ao que enfrentaríamos e como poderíamos nos proteger, ou seja, a segurança em primeiro lugar e depois o conforto. Porém uma vez vencida esta etapa, mesmo sendo mulher, não haviam mais preocupações, e a ansiedade era apenas de iniciarmos o passeio, e vivenciar momentos mágicos e históricos, como por exemplo passar por Machu Picchu e Nasca (Peru), Lago Titicaca (Bolívia), e ainda assistir a final do Rally Dakar.
Além disso, todos os preparativos e expectativas foram vividas por mim e pelo Gustavo de maneira muito intensa. Então a viagem passou a ser também romântica, fortalecendo nossa união, aumentando nosso companheirismo, nossa admiração recíproca, e enfim o prazer e vivermos juntos.
Se tudo isso ainda não bastasse, ainda é preciso dizer que nossa motocicleta - uma BMW GS Adventure 1.200 - é muito confortável, e somente para resumir eu chego a dormir durante a viagem, mas sempre com o cuidado redobrado do meu amado.
Portanto, após refletir, sinto que minha presença e da Luciana durante todo o percurso significa uma quebra de conceitos. Conceito de que mulher é frágil, de que viagem de moto é perigosa, que moto é desconfortável, que moto é coisa de homem, etc.
A viagem de moto é maravilhosa! Vivenciamos sensações que não temos numa viagem de carro por exemplo. Na moto fazemos parte da paisagem, sentimos na pele a ação do clima, sentimos os aromas das árvores, plantas e flores, contemplamos a paisagem de um ângulo muito próximo.
E como mulheres descobrimos que somos felizes com muito pouco, sem maquiagem, sem perfumes, sem calçados (apenas um tênis básico), poucas peças de roupas, sem jóias, etc...ou seja, é também um desapego material. O que importa é a companhia, e viver.
Para encerrar, vou citar a frase que está estampada na nossa camiseta de viagem, de autor desconhecido: “Quem nunca viajou de moto não sabe o que é viajar”
Boa noite a todos, vamos dormir que amanhã temos 500 km pra andar até Rio Branco. Abraços
Gustavo e Mirian,
ResponderExcluiradorei o blog!
Muito legal a viagem de vcs. Estou adorando acompanhar as impressões de vcs pelo caminho.
Mirian, pode falar o que quiser, para mim vc continua sendo uma aventureira de marca maior!rsrsrsrsrs
E os microfones dos capacetes, estão funcionando direitinho?
Até mais, meus amigos.
Bjos,
Larissa.