quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Décimo Quarto dia de viagem – 17/01/2012 – Terça-feira – Camaná a Puno


Por Mírian:
Acordamos por volta das 7 horas e ainda sem notícias do Braulio que tinha voltado para socorrer o veículo de apoio, e o grupo continuou na espera. Às 8:30 recebemos uma ligação de que o grupo já estava de saída...ou seja, mais uma vez ficamos pra trás...rsrs

Mas o percurso parecia tranqüilo: Camaná à Puno (ainda no Peru) e seguindo até Copacabana (Bolívia) às margem do logo Titicaca -  num total de 550 quilômetros de estradas com poucas curvas. As informações que tínhamos era de que chegando em Puno atravessaríamos o Lago Titicaca e estaríamos em Copacabana na Bolívia onde passaríamos a noite.

Andamos com bastante frio e em uma altitude elevada (+ de 4.000 metros).

O Gustavo ficou com sono e parou para tirar uma soneca, isso tudo antes do almoço.

Quando passávamos em uma vila avistamos um restaurante pequeno com alguns caminhões em frente...o Gustavo não hesitou: é aqui!

Entramos e vimos uma deliciosa sopa em uma das mesas e percebemos que ali servia truta, frango etc...e aí nos lembramos que tínhamos apenas 17 soles...pouco...muito pouco!

Perguntamos o preço e o atendente nos informou que o valor era de 5 soles por prato.

O Gustavo mostrou o dinheiro e disse que era tudo que tínhamos e então o peruano nos serviu a truta, o frango e ainda a sopa e dois copos de chincha por 10 soles! Eita povo bom o peruano viu!!!

Comemos como se fosse a ultima refeição de nossas vidas. Aquela sopinha quente estava maravilhosa e ainda serviram uma costela de carneiro em uma mesa ao lado que o Gustavo pediu até para fotografar, já que não podia comer...rsrsrs

Pegamos os dez soles e pagamos a atendente que num gesto de caridade e bondade ainda nos devolveu um sol, como quem diz assim: peguem este troco, vocês estão precisando!

O Gustavo insistiu e somente depois de algum tempo ele aceitou. Fato é que tentou nos ajudar, com o que podia, ou seja, dando o desconto de 1 sol na refeição...o povo peruano é diferente!

Chegamos a Puno por volta das 16h00min, e tudo parecia perfeito, era só atravessar o Lago. Grande ilusão! Aqui começaram todos os nossos problemas...

Achávamos que o grupo nos esperaria na entrada da cidade, afinal depois da gente ainda tinha o Carlão, o Dr. Oscar, e o Reinaldo, mas como não estavam resolvemos perguntar. Na entrada da cidade, uns rapazes nos mostraram duas saídas para Copacabana, uma por terra há 300 km e outra atravessando o Lago por mais 15 km. Não tivemos dúvida, vamos atravessar o Lago Titicaca...

Passamos a percorrer as margens do Lago Titicaca, numa linda paisagem, mas confesso que nossa preocupação com o caminho nos atrapalhou de admirar tanta beleza.

Num trecho de aproximadamente 50 km perguntamos para umas 10 pessoas onde era o caminho para Copacabana atravessando o Lago Titicaca, e nos indicavam a mesma direção, indo até a cidade de Desaguadero há aproximadamente 100 km, ainda! Quando suspeitamos que estávamos perdidos encontramos o Dean e a Luciana indo para o mesmo caminho, ficamos mais tranqüilo e passamos a percorrer juntos o trecho que faltava.

Ao anoitecer começou a chover e esfriar muito chegando a 6 graus, mas a sensação térmica era bem menor. 
Enfim chegamos a Desaguadero, e nos deparamos com uma muvuca, barracas vendendo de tudo um pouco, e no meio da multidão vimos o Rogério que nos apressou a fazer os procedimentos para saída do Peru, porque precisávamos dar entrada na Bolívia, e a essa altura já eram 20h00min.

Fomos eu, Gustavo, Dean e Luciana rapidamente dar baixa no passaporte e na motocicleta, acreditando que éramos os últimos do grupo.

O Rogério nos ajudou a atravessar as pressas dizendo que tinha uma “coisa” para nos contar, mas só o faria depois.

Após atravessarmos descobrimos que ainda tínhamos que tirar fotocópia dos documentos, e ao chegar a Imigração Boliviana já estava fechando. A Luciana em um golpe de mestre (a) conseguiu entrar e começou pedir pelo amor de Deus para nos atender, e apesar do mau humor e falta de educação dos bolivianos acabaram nos atendendo, falando todo o tempo que estavam trabalhando fora do horário e que precisam receber horas extras. Fizemos-nos de desentendidos e fomos embora.

Nossa que alívio, conseguimos atravessar a fronteira! Mas ainda tinha a “coisa” que o Rogério queria nos contar.

O Rogério então soltou a bomba, nos disse que estávamos no lugar errado, que ali não era Copacabana e que o lugar mais próximo que poderíamos dormir seria La Paz há aproximadamente 100 km.

Somente então, após todo o transtorno para cumprir os tramites de imigração, fomos perceber que além de nós (eu, Gustavo, Luciana, Dean, Rogério) estavam ali somente o Alencar e o Humberto. E mais, a Dejane esposa do nosso guia Braulio (que seguia no carro do Alencar) estava ainda do lado peruano, sem seus documentos pessoais e com o documento do seu filho Braulinho que estava com o pai provavelmente na fronteira de Copacabana.

Nesse momento, não podíamos mais voltar, já tínhamos dado baixa na imigração peruana e dado entrada na Bolívia, e tudo já estava fechado. Mas também não poderíamos deixar a Dejane sozinha do outro lado da fronteira, sem nenhuma forma de comunicação, já que nossos telefones não funcionavam.

Resolvemos atravessá-la andando pela ponte, de forma ilegal, sem fazer nenhum procedimento nas imigrações. Imaginávamos que o Bráulio faria o mesmo com o Braulinho e que depois, no outro dia poderíamos fazer a regularização.

Tivemos o cuidado de enviar e-mail para informar o grupo da nossa localização, dizendo a princípio que estamos na fronteira em Desaguadero.

Decidimos, por sugestão de um brasileiro, nos hospedar em um hotel chamado Titicaca próximo a La Paz, e mandamos e-mail novamente dizendo que estávamos indo para o hotel.

Fomos então para La Paz, e lá chegamos com muito frio e embaixo de uma chuva de granizo, com aproximadamente 4 graus. Pedimos ajuda a um taxista que acabou nos levando para outro hotel, em um lugar muito estranho e sujo.

Acreditávamos que ali era La Paz, mas na verdade era uma cidade satélite “El Alto” se não me engano, era uma favela. Entremos numa rua estreita com prédios muitos altos, e mal conservados, vários bares com venda de frituras, o lixo espalhado por toda a rua, parecia que um caminhão de lixo tinha deixado tudo aquilo ali de propósito...horrível!

O hotel era estranho, muito ruim, com cheiro de cigarro, com discoteca e sala de jogos, muita gente entrando e saindo. Mas afinal já era bem mais de meia noite, e todos estavam com muito frio e exaustos pra continuar. Resolvemos passar a noite ali mesmo. O banho quente nos salvou e ficamos na expectativa do outro dia.

Fiquem com Deus!













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