quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Vigésimo dia de viagem – 23/01/2012 – Campo Grande/MS – Cuiabá/MT

Vigésimo dia de viagem – 23/01/2012 – Campo Grande/MS – Cuiabá/MT

Nosso último dia de viagem!

Nosso amigo Dean e sua esposa Luciana nos convidaram para passar pela loja da Harley-Davidson em Campo Grande e novamente saímos depois do grupo.

A viagem foi muito tranqüila e em temperatura agradável enquanto estamos no Mato Grosso do Sul, mas ao se aproximar no nosso Mato Grosso começamos a sentir muito calor, o que não foi surpresa pra ninguém, e pra falar a verdade estamos até com saudade.

Estávamos cansados, com saudades da nossa família e de nossos filhos, mas com a satisfação de terminar o percurso com saúde, sem nenhum problema grave, e com o grupo unido.

Nosso grupo se tornou uma grande família durante a viagem, e acredito que as amizades que fizemos serão para sempre!

Foram quase 10.000 km de estrada. Paisagens deslumbrantes que ficarão para sempre em nossas memórias.

Ainda queremos ir a Ushuaia...mas aí já será uma outra história.

Décimo Nono dia de viagem – 22/01/2012 –Corumbá/MS – Campo Grande

Décimo Nono dia de viagem – 22/01/2012 –Corumbá/MS – Campo Grande

Às nove horas da manhã retornamos ao serviço de imigração na fronteira para fazer os procedimentos de baixa no passaporte e regularizar a saída das motocicletas.

Para nossa surpresa a fila na imigração boliviana estava gigantesca devido a falta de energia que tinha ocorrido no início da manhã. E mais, o serviço de alfândega estava fechado! Resultado, perdemos quase que toda a manhã na fronteira, demos baixa nos nossos passaportes, mas a motocicletas ficaram sem dar saída da Bolívia. Teremos que voltar a Bolívia para proceder com a tal baixa, mais uma lembrança da desorganização boliviana.

Almoçamos em Miranda todo o grupo junto, como muito tempo não acontecia, e nos despedimos de companheiro Cavalcante que pegou outro caminho para São Paulo, e também do companheiro Rogério Pimenta que foi para Goiânia.

Chegamos a Campo grande por volta das 16:00 horas

Jantamos na pizzaria Água na Boca com o restante do grupo, e ainda com nossos amigos Marcio e Luiza e sua esposa, e também conhecemos a família do João Paulo e do Everton que moram naquela cidade, mais dois companheiros que se despediram.

Nós despedimos também do nosso amigo Fabiano Bazzo, apelidado carinhosamente de “Foquinha” durante a viagem, que pegou seu destino para Santo André/SP.

Décimo Oitavo dia de viagem – 21/01/2012 – Santa Cruz x Corumbá/MS



Devido a nossa ida no Bar Goss em Santa Cruz acordamos muito tarde neste dia. Quase 11h00min. E o grupo já tinha partido as 06h30min!

Já que estávamos atrasados mesmo resolvemos almoçar em Santa Cruz. Moral da história saímos as 15h00min para Corumbá. Justamente neste trecho que teríamos 40 km de terra, pois a rodovia ainda está em obras.

Fizemos nossas preces e saímos, acreditando que tudo daria certo. E apesar de alguns pequenos contratempos tudo correu bem.

Quase tivemos uma pane seca mas conseguimos uma alma boa para nos abastecer em Roboré.

A temperatura estava muito agradável e a viagem seria tranqüila, se não fosse o fato de estarmos sozinhos, viajando a noite, numa região que segundo nos informaram ocorre muitos roubos.

Atravessar a fronteira foi um grande alivio, mas como a imigração já estava fechada fomos para Corumbá (4 km) para retornar no dia seguinte e fazer os procedimentos necessários para enfim dar adeus a Bolívia.

Chegamos em Corumbá as 23h15min.

Décimo Sétimo dia de viagem – 20/01/2012 – Cochabamba x Santa Cruz



Saímos no meio da manha para Santa Cruz e andamos neste dia por três microclimas distintos.

Subimos uma grande cordilheira andando com a temperatura de aproximadamente 12 graus, e com o tempo foi se transformando em floresta amazônica, com grandes arvores nas cordilheiras.

Paramos em uma “tranca” e fomos abordados por dois policiais bolivianos que queriam revistar a nossa moto. Prontamente comecei a abrir os bauletos, mas já estava ficando nervoso com o tratamento dispensado a nós.

Meio rispidamente indaguei ao policial sobre o que ele procurava. Ele meio que sem entender disse que procuravam drogas.

Eu então disse que estávamos viajando por três países e não seriamos loucos de trazer qualquer coisa proibida em nossas motos.

Ele ficou meio sem graça e desconversou, indagando como estava a viagem.

Eu respondi que estava ótima, com exceção da nossa estadia na Bolivia, pois não conseguíamos abastecer, ninguém nos ajudava e ele já era a terceira pessoa que queria revistar a nossa moto.

Com um sorriso amarelo nos liberou e mandou-nos seguir viagem.

Neste momento a temperatura estava em aproximadamente 20 graus e logo após a descida da serra viajamos a 37 graus! Um forno!

A descida desta serra foi um pouco complicada por conta de inúmeros desabamentos que ocorreram, além das manutenções necessárias para manter o asfalto.

Releva dizer que em alguns trechos eles assentam pedras roliças no pavimento, pois são zonas geologicamente instáveis. Há que se ter cuidado nestes trechos.

No final da tarde chegamos em Santa Cruz que para nós foi uma outra Bolivia.

Após termos nos instalados no hotel fomos visitar o irmão da Mirian que estuda nesta cidade.

Mais tarde o nosso amigo Fábio de Cochabamba nos ligou dizendo que também estava em Santa Cruz e combinamos então de jantarmos no bar chamado Goss do nosso amigo Pablo Unzueta.

Jantamos comida japonesa e no final da noite ele ainda nos brindou com duas garrafas de Chandon. Santa Cruz é boa mesmo!

Décimo Sexto dia de viagem – 19/01/2012 –Corioco x Cochabamba passando pela Estrada da Morte.

Décimo Sexto dia de viagem – 19/01/2012 –Corioco x Cochabamba passando pela Estrada da Morte.

Durante toda a madrugada caiu uma chuva torrencial em Coroico, sendo que alguns amigos aventureiros que estavam atrasados acabaram se perdendo na noite anterior, entrando por estradas vicinais com ribanceiras perigosas, mas graças a Deus nada de pior aconteceu.

Pela manhã o grupo se dividiu pois apenas 8 motos resolveram tentar a subida da estrada da morte. Uma Teneré 1200, Duas BMW GS 1200, quatro V-Strom 1000 e uma...Boulevard 1500!

Não é que o nosso amigo Reinaldo, como 9 graus de miopia e pilotando uma Boulevard 1500 decidiu encarar o desafio e se dispôs a subir a famigerada estrada da morte?

Iniciamos a subida com um pouco de cautela, sentido a estrada, mas depois de algum tempo o pessoal se soltou e começamos a subir em um ritmo mais forte e em menos de 1 hora vencemos os 40 quilômetros da estrada da morte.

O visual é incrível com penhascos assustadores e paredões verdes que se projetam as vezes até por cima da estrada, mas todo o esforço valeu a pena pois aquelas imagens ficarão indelevelmente gravadas em nossa memória.

Atravessamos alguns riachos e passamos por baixo de algumas quedas d’água que atravessavam a estrada. Fascinante!

Ao terminarmos a subida apertamos o passo para cruzarmos La Paz e chegarmos a Cochabamba.

Viagem bem tranqüila, mas atravessar La Paz é uma experiência traumática. Até o GPS fica perdido. Um transito caótico e um buzinaço só!

De qualquer maneira conseguimos atravessar a cidade sem maiores transtornos e chegamos a Cochabamba no final da tarde.

Cidade agradável com um clima ameno. No entanto, como estávamos muito cansados resolvemos não andar pela cidade, apenas visitamos um velho amigo, o Fábio, onde tomamos um bom uísque e jogamos conversa fora por algum tempo.

Décimo Quinto dia de viagem – 18/01/2012 – La Paz x Corioco



Acordamos em La paz loucos para pegarmos a estrada para Coroico, onde faríamos a Estrada da Morte, tao esperada pelos motociclistas.

Na garagem do hotel um boliviano tentou nos extorquir, querendo cobrar o estacionamento das motos que já estava incluso na diária do Hotel.

Brigamos, discutimos e estávamos tentando fazer valer o nosso ponto de vista, até que chegou um sujeito chamado Alejandro, que percebeu que estávamos em apuros e resolveu nos ajudar, mesmo porque também era motociclista, como mais tarde ficaríamos sabendo.

Este senhor organizou um táxi de sua confiança para nos colocar no caminho de Coroico, mas primeiro tivemos que abastecer as motos e isto não foi fácil.

O Governo Boliviano baixou uma Lei que para veículos estrangeiros o valor da gasolina triplica e o pior: somente postos credenciados com talonário próprio podem fazer o abastecimento!

Em cada posto um policial. E em cada abordagem eles simplesmente não faziam questão alguma de serem simpáticos, muito pelo contrário.

Depois de ficarmos mais de três horas procurando encontramos enfim um posto que fez o nosso abastecimento.

Saímos de La Paz com destino a Coroico passando por “El Cumbre” uma cordilheira maravilhosa e muito gelada, que no dia inclusive chovia granizo.

Para chegarmos em Coroico pegamos uns 9km de estrada de terra, com bastante pedra e até gostamos da aventura.

Almoçamos e ficamos no Hotel esperando o restante do Grupo chegar, pois conforme já relatado nos perdemos na ida para Copacabana.

No outro dia tentaríamos subir a Estrada da Morte.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Décimo Quarto dia de viagem – 17/01/2012 – Terça-feira – Camaná a Puno


Por Mírian:
Acordamos por volta das 7 horas e ainda sem notícias do Braulio que tinha voltado para socorrer o veículo de apoio, e o grupo continuou na espera. Às 8:30 recebemos uma ligação de que o grupo já estava de saída...ou seja, mais uma vez ficamos pra trás...rsrs

Mas o percurso parecia tranqüilo: Camaná à Puno (ainda no Peru) e seguindo até Copacabana (Bolívia) às margem do logo Titicaca -  num total de 550 quilômetros de estradas com poucas curvas. As informações que tínhamos era de que chegando em Puno atravessaríamos o Lago Titicaca e estaríamos em Copacabana na Bolívia onde passaríamos a noite.

Andamos com bastante frio e em uma altitude elevada (+ de 4.000 metros).

O Gustavo ficou com sono e parou para tirar uma soneca, isso tudo antes do almoço.

Quando passávamos em uma vila avistamos um restaurante pequeno com alguns caminhões em frente...o Gustavo não hesitou: é aqui!

Entramos e vimos uma deliciosa sopa em uma das mesas e percebemos que ali servia truta, frango etc...e aí nos lembramos que tínhamos apenas 17 soles...pouco...muito pouco!

Perguntamos o preço e o atendente nos informou que o valor era de 5 soles por prato.

O Gustavo mostrou o dinheiro e disse que era tudo que tínhamos e então o peruano nos serviu a truta, o frango e ainda a sopa e dois copos de chincha por 10 soles! Eita povo bom o peruano viu!!!

Comemos como se fosse a ultima refeição de nossas vidas. Aquela sopinha quente estava maravilhosa e ainda serviram uma costela de carneiro em uma mesa ao lado que o Gustavo pediu até para fotografar, já que não podia comer...rsrsrs

Pegamos os dez soles e pagamos a atendente que num gesto de caridade e bondade ainda nos devolveu um sol, como quem diz assim: peguem este troco, vocês estão precisando!

O Gustavo insistiu e somente depois de algum tempo ele aceitou. Fato é que tentou nos ajudar, com o que podia, ou seja, dando o desconto de 1 sol na refeição...o povo peruano é diferente!

Chegamos a Puno por volta das 16h00min, e tudo parecia perfeito, era só atravessar o Lago. Grande ilusão! Aqui começaram todos os nossos problemas...

Achávamos que o grupo nos esperaria na entrada da cidade, afinal depois da gente ainda tinha o Carlão, o Dr. Oscar, e o Reinaldo, mas como não estavam resolvemos perguntar. Na entrada da cidade, uns rapazes nos mostraram duas saídas para Copacabana, uma por terra há 300 km e outra atravessando o Lago por mais 15 km. Não tivemos dúvida, vamos atravessar o Lago Titicaca...

Passamos a percorrer as margens do Lago Titicaca, numa linda paisagem, mas confesso que nossa preocupação com o caminho nos atrapalhou de admirar tanta beleza.

Num trecho de aproximadamente 50 km perguntamos para umas 10 pessoas onde era o caminho para Copacabana atravessando o Lago Titicaca, e nos indicavam a mesma direção, indo até a cidade de Desaguadero há aproximadamente 100 km, ainda! Quando suspeitamos que estávamos perdidos encontramos o Dean e a Luciana indo para o mesmo caminho, ficamos mais tranqüilo e passamos a percorrer juntos o trecho que faltava.

Ao anoitecer começou a chover e esfriar muito chegando a 6 graus, mas a sensação térmica era bem menor. 
Enfim chegamos a Desaguadero, e nos deparamos com uma muvuca, barracas vendendo de tudo um pouco, e no meio da multidão vimos o Rogério que nos apressou a fazer os procedimentos para saída do Peru, porque precisávamos dar entrada na Bolívia, e a essa altura já eram 20h00min.

Fomos eu, Gustavo, Dean e Luciana rapidamente dar baixa no passaporte e na motocicleta, acreditando que éramos os últimos do grupo.

O Rogério nos ajudou a atravessar as pressas dizendo que tinha uma “coisa” para nos contar, mas só o faria depois.

Após atravessarmos descobrimos que ainda tínhamos que tirar fotocópia dos documentos, e ao chegar a Imigração Boliviana já estava fechando. A Luciana em um golpe de mestre (a) conseguiu entrar e começou pedir pelo amor de Deus para nos atender, e apesar do mau humor e falta de educação dos bolivianos acabaram nos atendendo, falando todo o tempo que estavam trabalhando fora do horário e que precisam receber horas extras. Fizemos-nos de desentendidos e fomos embora.

Nossa que alívio, conseguimos atravessar a fronteira! Mas ainda tinha a “coisa” que o Rogério queria nos contar.

O Rogério então soltou a bomba, nos disse que estávamos no lugar errado, que ali não era Copacabana e que o lugar mais próximo que poderíamos dormir seria La Paz há aproximadamente 100 km.

Somente então, após todo o transtorno para cumprir os tramites de imigração, fomos perceber que além de nós (eu, Gustavo, Luciana, Dean, Rogério) estavam ali somente o Alencar e o Humberto. E mais, a Dejane esposa do nosso guia Braulio (que seguia no carro do Alencar) estava ainda do lado peruano, sem seus documentos pessoais e com o documento do seu filho Braulinho que estava com o pai provavelmente na fronteira de Copacabana.

Nesse momento, não podíamos mais voltar, já tínhamos dado baixa na imigração peruana e dado entrada na Bolívia, e tudo já estava fechado. Mas também não poderíamos deixar a Dejane sozinha do outro lado da fronteira, sem nenhuma forma de comunicação, já que nossos telefones não funcionavam.

Resolvemos atravessá-la andando pela ponte, de forma ilegal, sem fazer nenhum procedimento nas imigrações. Imaginávamos que o Bráulio faria o mesmo com o Braulinho e que depois, no outro dia poderíamos fazer a regularização.

Tivemos o cuidado de enviar e-mail para informar o grupo da nossa localização, dizendo a princípio que estamos na fronteira em Desaguadero.

Decidimos, por sugestão de um brasileiro, nos hospedar em um hotel chamado Titicaca próximo a La Paz, e mandamos e-mail novamente dizendo que estávamos indo para o hotel.

Fomos então para La Paz, e lá chegamos com muito frio e embaixo de uma chuva de granizo, com aproximadamente 4 graus. Pedimos ajuda a um taxista que acabou nos levando para outro hotel, em um lugar muito estranho e sujo.

Acreditávamos que ali era La Paz, mas na verdade era uma cidade satélite “El Alto” se não me engano, era uma favela. Entremos numa rua estreita com prédios muitos altos, e mal conservados, vários bares com venda de frituras, o lixo espalhado por toda a rua, parecia que um caminhão de lixo tinha deixado tudo aquilo ali de propósito...horrível!

O hotel era estranho, muito ruim, com cheiro de cigarro, com discoteca e sala de jogos, muita gente entrando e saindo. Mas afinal já era bem mais de meia noite, e todos estavam com muito frio e exaustos pra continuar. Resolvemos passar a noite ali mesmo. O banho quente nos salvou e ficamos na expectativa do outro dia.

Fiquem com Deus!