quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Décimo Quarto dia de viagem – 17/01/2012 – Terça-feira – Camaná a Puno


Por Mírian:
Acordamos por volta das 7 horas e ainda sem notícias do Braulio que tinha voltado para socorrer o veículo de apoio, e o grupo continuou na espera. Às 8:30 recebemos uma ligação de que o grupo já estava de saída...ou seja, mais uma vez ficamos pra trás...rsrs

Mas o percurso parecia tranqüilo: Camaná à Puno (ainda no Peru) e seguindo até Copacabana (Bolívia) às margem do logo Titicaca -  num total de 550 quilômetros de estradas com poucas curvas. As informações que tínhamos era de que chegando em Puno atravessaríamos o Lago Titicaca e estaríamos em Copacabana na Bolívia onde passaríamos a noite.

Andamos com bastante frio e em uma altitude elevada (+ de 4.000 metros).

O Gustavo ficou com sono e parou para tirar uma soneca, isso tudo antes do almoço.

Quando passávamos em uma vila avistamos um restaurante pequeno com alguns caminhões em frente...o Gustavo não hesitou: é aqui!

Entramos e vimos uma deliciosa sopa em uma das mesas e percebemos que ali servia truta, frango etc...e aí nos lembramos que tínhamos apenas 17 soles...pouco...muito pouco!

Perguntamos o preço e o atendente nos informou que o valor era de 5 soles por prato.

O Gustavo mostrou o dinheiro e disse que era tudo que tínhamos e então o peruano nos serviu a truta, o frango e ainda a sopa e dois copos de chincha por 10 soles! Eita povo bom o peruano viu!!!

Comemos como se fosse a ultima refeição de nossas vidas. Aquela sopinha quente estava maravilhosa e ainda serviram uma costela de carneiro em uma mesa ao lado que o Gustavo pediu até para fotografar, já que não podia comer...rsrsrs

Pegamos os dez soles e pagamos a atendente que num gesto de caridade e bondade ainda nos devolveu um sol, como quem diz assim: peguem este troco, vocês estão precisando!

O Gustavo insistiu e somente depois de algum tempo ele aceitou. Fato é que tentou nos ajudar, com o que podia, ou seja, dando o desconto de 1 sol na refeição...o povo peruano é diferente!

Chegamos a Puno por volta das 16h00min, e tudo parecia perfeito, era só atravessar o Lago. Grande ilusão! Aqui começaram todos os nossos problemas...

Achávamos que o grupo nos esperaria na entrada da cidade, afinal depois da gente ainda tinha o Carlão, o Dr. Oscar, e o Reinaldo, mas como não estavam resolvemos perguntar. Na entrada da cidade, uns rapazes nos mostraram duas saídas para Copacabana, uma por terra há 300 km e outra atravessando o Lago por mais 15 km. Não tivemos dúvida, vamos atravessar o Lago Titicaca...

Passamos a percorrer as margens do Lago Titicaca, numa linda paisagem, mas confesso que nossa preocupação com o caminho nos atrapalhou de admirar tanta beleza.

Num trecho de aproximadamente 50 km perguntamos para umas 10 pessoas onde era o caminho para Copacabana atravessando o Lago Titicaca, e nos indicavam a mesma direção, indo até a cidade de Desaguadero há aproximadamente 100 km, ainda! Quando suspeitamos que estávamos perdidos encontramos o Dean e a Luciana indo para o mesmo caminho, ficamos mais tranqüilo e passamos a percorrer juntos o trecho que faltava.

Ao anoitecer começou a chover e esfriar muito chegando a 6 graus, mas a sensação térmica era bem menor. 
Enfim chegamos a Desaguadero, e nos deparamos com uma muvuca, barracas vendendo de tudo um pouco, e no meio da multidão vimos o Rogério que nos apressou a fazer os procedimentos para saída do Peru, porque precisávamos dar entrada na Bolívia, e a essa altura já eram 20h00min.

Fomos eu, Gustavo, Dean e Luciana rapidamente dar baixa no passaporte e na motocicleta, acreditando que éramos os últimos do grupo.

O Rogério nos ajudou a atravessar as pressas dizendo que tinha uma “coisa” para nos contar, mas só o faria depois.

Após atravessarmos descobrimos que ainda tínhamos que tirar fotocópia dos documentos, e ao chegar a Imigração Boliviana já estava fechando. A Luciana em um golpe de mestre (a) conseguiu entrar e começou pedir pelo amor de Deus para nos atender, e apesar do mau humor e falta de educação dos bolivianos acabaram nos atendendo, falando todo o tempo que estavam trabalhando fora do horário e que precisam receber horas extras. Fizemos-nos de desentendidos e fomos embora.

Nossa que alívio, conseguimos atravessar a fronteira! Mas ainda tinha a “coisa” que o Rogério queria nos contar.

O Rogério então soltou a bomba, nos disse que estávamos no lugar errado, que ali não era Copacabana e que o lugar mais próximo que poderíamos dormir seria La Paz há aproximadamente 100 km.

Somente então, após todo o transtorno para cumprir os tramites de imigração, fomos perceber que além de nós (eu, Gustavo, Luciana, Dean, Rogério) estavam ali somente o Alencar e o Humberto. E mais, a Dejane esposa do nosso guia Braulio (que seguia no carro do Alencar) estava ainda do lado peruano, sem seus documentos pessoais e com o documento do seu filho Braulinho que estava com o pai provavelmente na fronteira de Copacabana.

Nesse momento, não podíamos mais voltar, já tínhamos dado baixa na imigração peruana e dado entrada na Bolívia, e tudo já estava fechado. Mas também não poderíamos deixar a Dejane sozinha do outro lado da fronteira, sem nenhuma forma de comunicação, já que nossos telefones não funcionavam.

Resolvemos atravessá-la andando pela ponte, de forma ilegal, sem fazer nenhum procedimento nas imigrações. Imaginávamos que o Bráulio faria o mesmo com o Braulinho e que depois, no outro dia poderíamos fazer a regularização.

Tivemos o cuidado de enviar e-mail para informar o grupo da nossa localização, dizendo a princípio que estamos na fronteira em Desaguadero.

Decidimos, por sugestão de um brasileiro, nos hospedar em um hotel chamado Titicaca próximo a La Paz, e mandamos e-mail novamente dizendo que estávamos indo para o hotel.

Fomos então para La Paz, e lá chegamos com muito frio e embaixo de uma chuva de granizo, com aproximadamente 4 graus. Pedimos ajuda a um taxista que acabou nos levando para outro hotel, em um lugar muito estranho e sujo.

Acreditávamos que ali era La Paz, mas na verdade era uma cidade satélite “El Alto” se não me engano, era uma favela. Entremos numa rua estreita com prédios muitos altos, e mal conservados, vários bares com venda de frituras, o lixo espalhado por toda a rua, parecia que um caminhão de lixo tinha deixado tudo aquilo ali de propósito...horrível!

O hotel era estranho, muito ruim, com cheiro de cigarro, com discoteca e sala de jogos, muita gente entrando e saindo. Mas afinal já era bem mais de meia noite, e todos estavam com muito frio e exaustos pra continuar. Resolvemos passar a noite ali mesmo. O banho quente nos salvou e ficamos na expectativa do outro dia.

Fiquem com Deus!













Décimo Terceiro dia de viagem – 16/01/2012 – Segunda-feira - Lima à Camana



Por Mírian:

Percorremos o trecho de Lima a Camaná, retornando pela cidade de Ica e Nazca, onde fizemos 2 dias antes o sobrevoo de teco teco para visualizar as figuras enigmáticas.

Saímos de Lima às 4:00 horas da manhã para evitar o trânsito da cidade e chegar cedo a Camaná afinal seriam 855 quilômetros de estrada.

Em Lima deixamos as mulheres que haviam se juntado ao grupo em Cusco, Ana Carollina, Dona Lana e Lorie. Voltamos a ficar somente eu e a Luciana no clube da Luluzinha.

O nosso grupo estava muito afoito com a viagem e deixaram para tomar café da manhã em Ica. Eu e o Gustavo decidimos parar na estrada e saborear um delicioso café da manha sem pressa, afinal estamos em férias!

Gostaria de registrar aqui algumas impressões que tive das cidades e pessoas que vivem no deserto. Para começar jamais imaginei que pudesse existir uma duna de areia no meio de uma cidade, como é o caso de Ica. E mais, com um Oasis que faz a festa dos turistas. Só não dava para tomar banho como imaginaram nossas amigas Ana Carolina e Dona Lana, que foram comprar biquini ….rsrs...muito boml!

Em Ica não existe preocupação com as coberturas das construções, as casas mais humildes são cobertas apenas com uma fina palha trançada para proteção do forte sol do deserto. Até mesmo no hotel em que ficamos em Ica, as varantes e o bar era coberto com uma espécie de bambu sem nenhuma proteção contra a chuva. Isso parece estranho pra gente, mas se justifica quando descobrimos que nessa região simplesmente não chove há mais de 50 anos.

Durante o dia a temperatura é muito elevada, o sol é muito quente! Mas na sombra é bem fresco, pois a brisa é constante. Quando o sol se põe chega a ficar frio, em torno dos 22 graus. Com isso constatamos que o deserto é bem mais fresco que Cuiabá...rsrs

Voltamos a Ica e Nazca percorrendo o deserto pela estrada já conhecida, e depois seguimos pela rodovia Panamericana

Entre a cidade de Ica e Nasca, em pleno deserto e num calor escaldante, tivemos a grata surpresa de encontrar um brasileiro de bicicleta Edmilson Batista da Silva, o “Edmilson TrotaMundo” que estava a 5 anos e 11 meses na estrada, e já havia percorrido todo o Peru, publicado dois livros e estava escrevendo o terceiro.

Edmilson nos informou que será entrevistado pelo Jô Soares em Maio e em setembro gravará o programa do Luciano Huck.

Ao contrário de nós, o Edmilson não tinha nenhum equipamento de segurança, estava sem capacete, luvas, boné, protetores de joelho, etc., não tinha dinheiro nem para comer, e reclamava que os brasileiros não paravam para ajudá-lo.

Demos-lhe água, algumas barras de cereal, bolacha de sal, e um pouco de dinheiro, que segundo ele lhe possibilitaria chegar até Lima, ficando muito agradecido pela ajuda.

Ficamos com a sensação de que deveríamos ajudar mais, mas não tínhamos o que fazer, aquela era a forma que ele escolheu viajar! Todas as dificuldades que víamos, que pra nós eram desesperadoras, para ele faziam parte da programação, já estava no roteiro da viagem.

Edmilson fez relatos dos lugares maravilhosos que passou, dizendo que para ele somente daquela forma era possível apreciar tanta beleza, e ter a sensação de liberdade.

Pensei que nosso sentimento em relação a ele, talvez fosse o mesmo sentimento que algumas pessoas têm quando falamos que deixamos nossa casa, nossos filhos, o conforto de um carro para viajar por um período de 20 dias de moto, atravessando três países. No fundo estámos buscando o mesmo que o Edmilson, a sensação de liberdade através do contato direto com a natureza. A diferença é que conseguimos isso com a moto, e o Edmilson com sua bike.

Por fim, o Edmilson nos deixou uma mensagem sensacional que resume tudo: “Não importa...pois antes da sua BMW 1200 ou da minha bicicleta toda remendada, é preciso ter O ESPÍRITO...”.

O fato é que nosso encontro com o Edmilson nos trouxe uma energia nova, revigorante, fazendo com que nossa viagem ficasse muito mais leve e tranqüila, nos fazendo acreditar que o ser humano realmente não tem limite.

Esse encontro nos provou algo que já sabíamos: não estamos fazendo nada de extraordinário mesmo!! e não temos nenhum motivo pra escrever um livro, como nos sugeriram.

Estamos realizando uma viagem que idealizamos, conhecendo lugares diferentes, pessoas diferentes, tendo contado com outras culturas, e em muitos aspectos apreendendo a valorizar o nosso País e nossa cultura também.

Nossos relatos são feitos sem nenhuma formalidade, ora na primeira pessoa do plural, ora na primeira pessoa do singular, as vezes com erro de concordância, com linguagem coloquial, sem tempo sequer de corrigir o texto, realmente como se estivéssemos contando despretensiosamente nosso dia para um amigo.

E essa liberdade de escrever sem preocupação, apenas para registrar nossos momentos e impressões da viagem (muitas vezes até divagando) é que nós dá prazer, fora isso é obrigação, palavra totalmente vetada da nossa viagem!








Bom, deixando nossas divagações de lado e voltando ao nosso percurso...rsrs...

Conforme avançávamos a paisagem do deserto foi sendo modificada aparecendo gigantescas montanhas áridas. O vento que era constante trazia a areia do deserto para dentro da pista, desafiando a habilidade do meu piloto querido, que nos conduziu com toda segurança como sempre. Em vários trechos vimos máquinas escavadeiras retirando a areia da pista...

Sabíamos que naquela estrada chegaríamos ao Oceano Pacífico, em determinado momento começamos a visualizar ao longe o que parecia ser uma miragem do deserto...E a cada curva parecia que iríamos chegar até ele. E chegamos!

A paisagem era deslumbrante, do lado esquerdo o cinza do deserto com montanhas áridas esculpidas pelo vento, e do lado direito as águas azuis e brilhantes do Pacífico que em vários trechos se chocavam contra as pedras escuras dos penhascos a beira da estrada. Como se não bastasse, aliado a tanta beleza, o trajeto ainda era em grande parte percorrido em curvas...simplesmente inesquecível!! Essa paisagem nos acompanhou por aproximadamente quatro horas seguidas...

Não resistimos e por várias vezes paramos para tirar fotos daquela vista maravilhosa, e pra variar acabamos ficando para trás do grupo, o que não era um problema, afinal eu e o Gustavo nos divertíamos muito tocando no nosso ritmo.

Por volta da 13:30 hora, quando já estávamos conformados em almoçar barrinha de cereal e bolacha de sal, o Gustavo avistou uma placa que nos indicava um restaurante a 1.800 metros da rodovia, em uma vicinal de chão em direção ao mar.

Íamos ficar mais atrasados ainda do grupo, mas não resistimos e fomos ao Restaurante Puerto dos Incas, a beira do Pacífico, com uma vista incrível. Pedimos ceviche de entrada, e mais dois pratos de peixe, um verdadeiro banquete no meio do nada.

Chegamos no final da tarde em Camaná, e ficamos sabendo que o nosso guia Braulio teve que retornar para socorrer o carro de apoio que havia quebrado, e que só chegaria no dia seguinte.

A preocupação do grupo é com o horário de sair no dia seguinte, já que o Braulio ainda não chegou e no dia seguinte vamos atravessar a fronteira com a Bolívia...mas isso já será outro dia...

Obrigado a todos pelo carinho, e até amanhã.

Beijos e fiquem com Deus!

Décimo Segundo dia de viagem – 15/01/2012 – Domingo – Lima/Peru


Hoje acordamos tranquilos para irmos ao centro de Lima assistir a premiação dos vencedores do Dakar.

Fomos praticamente todos uniformizados e quando chegamos no centro uma coisa engraçada aconteceu.

O Fabiano Bazzo (Foquinha) levou uma bandeira do brasil e o pessoal resolveu andar com esta bandeira aberta, que contrastava com o nosso uniforme laranja...fato é que os Peruanos começaram a nos aplaudir...não sei se pensavam que éramos uma equipe do Dakar ou apenas uma delegação...

Aplaudiam e nos paravam o tempo todo para tirar fotos...uns gritavam: Viva Brasil!!!

E o negócio foi aumentando...a cada esquina mais e mais pessoas nos paravam, nos aplaudiam e gritavam...a gente respondia: Viva Peru!!!!

Em meio a isso tudo os carros, motos, caminhões, protótipos e quadriciclos passavam...uns pilotos de moto até davam umas empinadinhas pra turma ir ao delírio...

Depois de umas duas horas andando no sol e vendo tudo o que tinha pra ser visto resolvemos ir almoçar no shopping...

Pegamos uma taxi que nos deixou ao lado de uma praça...e eu, gastando o meu espanhol, ainda lhe indaguei onde estaria o shopping, já que após a praça tudo que se via era o mar, alguns metros abaixo...

O motorista simplesmente disse que era ali e pronto! Assim descemos do taxe, meio incrédulos ainda e ao indagarmos o guarda municipal ele nos mandou descer a escada que nem percebemos que existia e somente então podemos entender que o shopping era incrustado na falésia!

Simplesmente maravilhoso! De praticamente todos os lugares do shopping se avistava o pacífico...e nem ar condicionado era necessário...a brisa marítima refrescava muito o ambiente. Um espetáculo!

Almoçamos uns cortes argentinos de carne e depois fomos comer alfajores e sorvete no café Havana tendo o oceano como companhia...

Voltamos ainda ao centro para tentar comprar algumas lembrancinhas do Dakar, mas isto era quase impossível naquele momento.

Chegamos ao hotel cansados e fomos arrumar a carga do nosso Bitrem.

Ainda deu tempo de comer um ceviche e um arroz com mariscos, muito bom!

Adoramos a capital Peruana, uma cidade muito bonita e bem cuidada, o único senão é que na praia o pessoa deita em colchões, porque grande parte da orla é de pedras...rsrsrs

Boa noite a todos e fiquem com Deus!

Gustavo.















quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Enfim o dia do Dakar!

Sábado 14 de janeiro de 2012 

Oi pessoal, somente agora conseguimos um tempo para postar as nossas impressões sobre os dias em que assistimos a passagem do Dakar em Ica, a premiação em Lima e a nossa viagem até Camaná e Copacabana...conforme vocês verão na seqüência de posts nem tudo saiu como estava esperado.

Hoje acordamos as 07h30min, uma vez que o nosso ônibus só sairia as 09h00min no entanto sabe-se lá por qual motivo, bateram a nossa porta as 08h15min dizendo que estávamos atrasados. Pulamos rapidinho e alcançamos o ônibus em um posto de gasolina e então descobrimos que o que havia acontecido na realidade é que o Dakar estava adiantado. Quanta organização...

Entramos em um gaiola que por aqui eles chamam de “tubulares” e partimos cruzando o deserto...motor V8...suspensão por feixe de molas...e uma tração 4x4 que não funciona! O motorista/piloto/imbecil da gaiola ainda ficou tentando uma meia hora subir uma duna e somente quando outra gaiola chegou dizendo, para o meu desespero, que as primeiras motos já estavam passando foi que pulamos na outra e fomos literalmente voando para a tal tenda...o cara estava correndo demais...muito mesmo, ultrapassando as outras caminhonetes nas dunas com a diferença que as outras caminhonetes tem air bag’s e muito mais equipamentos de proteção...

A Sra. Mirian não perdeu muito tempo e admoestou o beleza que estava pilotando...assim a velocidade voltou a níveis considerados dentro da normaldiade.

Chegamos na tenda e fomos direto para onde a caravana passaria...simplesmente emocionante! O único senão foi que as motos da ponta já haviam passado e as que passavam agora já não aceleravam tão forte...mas mesmo assim temos que respeitar os caras...depois de tantos dias naquele batidão só de estarem ali já eram heróis!

Esperamos um punhado de tempo e nada dos carros...apenas motos e quadriciclos...já tava ficando quase entediante...

Não sei se vocês sabem, mas eles largam as motos, depois os quad’s, depois os carros e protótipos e ao final os caminhões....e estes caminhões andam forte, muito forte!

Estávamos debaixo de um sol escaldante e decidimos ir a tenda, que ficava uns 300 metros da passagem do rally...tomamos uma cerveja (Cusqueña) e um água e eis que aparece no horizonte uma poeira diferente...eu e o Carlão Velasco na hora falamos: Os carros!

E eles vinham andando muito forte...fomos ajeitando as coisas para descer a duna e eis que surge um barulho infernal e brota no horizonte o próprio diabo...um Hummer Laranjado...andando tudo que tinha para andar e mais um pouco...com um helicóptero em sua cola...grudado mesmo...no máximo a uns 8 metros do chão...aquela imagem jamais sairá da minha cabeça...

Eu e o Carlão fomos descendo e não é que o piloto do Hummer (Gordon) voa em uma duna na nossa frente, bate de bico e capota!





Começamos a correr duna abaixo para acompanhar o desenrolar daquele acidente, pois segundo nos consta o Gordon estava em segundo lugar no Rally e aquilo poderia mudar tudo.

Com o pouco de fôlego que nos sobrava chegamos do lado do acidente...naquele momento muitas pessoas já estavam por lá e ajudaram a desvirar o carro...

Uns saiam com pedaços de vidro, outros com carenagem...o importante era guardar o souvenir daquele momento...

Confesso que achei que ia acontecer mais um acidente, pois o carro do Gordon ainda não estava funcionando e muitas pessoas permaneciam na rota...e outros carros estavam vindo no horizonte numa velocidade impressionante para o deserto.

No meio do furdunço aparece uma bolinha verde voando no horizonte...chegando perto era nada mais nada menos que um Mini Cooper...e como andava aquele carro...escapamentos laterais com um barulho que arrepiava a todos...se bem que era apenas o nome de mini Cooper...tudo ali devia ser modificado...mas estavam andando demais!

Demorou mais um pouco e começaram os caminhões...altos, imponentes...vinham num sacolejar balanceado...andavam diferente na areia...passavam incólumes pelos obstáculos que atrapalhavam os demais...gigantes da areia...e algumas motos tinham que apertar o passo...senão seriam pisoteados por aqueles mamutes...

Ficamos ali por umas duas horas...assistimos tudo...e eu garanto que é uma experiência única...já estou programando para voltar outras vezes e acompanhar mais tempo este evento.

Juntamente com os carros que estavam disputando o rally o que mais me impressionou foi a quantidade de espectadores...com vários carros mexidos...que levavam barracas, comidas, bebidas, enfim uma grande estrutura para acompanhar aquele evento...diferente e maravilhoso.

Conversei e troquei cartões com pilotos de moto equatorianos, colombianos, apreciadores do México...a gente se sente parte de alguma coisa maior, mundial!

Depois de um tempo a passagem de carros foi ficando mais fraca...e resolvemos ir embora...afinal tínhamos que andar mais quase 300km até Lima.

Eu e Mirian ficamos no Hotel e saímos já quase ao entardecer...as 17h40min...viajamos sozinhos e a noite...muito bom! Curtindo cada quilometro daquela pista peruana maravilhosa...tudo bem sinalizado...passamos por algumas cidades grandes, uma em especial me chamou a atenção..chama-se Asia é imensa para o local...tive vontade de entrar para conhecer...mas assim me separaria do grupo...

Chegamos a Lima cansados e ficamos no hotel direto...só saímos no outro dia para assistir a premiação...mas isso já é outro dia e outra história...

Beijos a todos e fiquem com Deus!








segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Viagem puxada....

Boa noite meus amigos! Estamos em Canamá...infelizmente não conseguimos parar para escrever e pstr fotos...tentaremos amanhã...
Nos desculpem por enquanto.
Fiquem com Deus!

sábado, 14 de janeiro de 2012

Escrever um livro...quem somos nós?

Oi pessoal!
Hoje pela manhã a Mírian postou nossas impressões sobre os últimos dois dias de viagem, descrevendo com perfeição tudo o que passamos e atravessamos.

A viagem realmente tem sido maravilhosa e hoje tiramos o dia para “fazer nada”!

Grande parte do grupo foi para um Oasis aqui perto de Ica, e gostaram muito. Passearam de gaiolas, e deslizaram de sand board, um nome gringo para o nosso esquibunda. Pelos comentários todos adoraram.

Eu e a Mírian no entanto, preferimos ficar no hotel o dia todo...eu postando fotos no facebook e ela descrevendo os últimos dias da viagem.

Amanha acompanharemos uma parte do Rally Dakar 2012.

O hotel que estamos hospedados – “El Carmelo” – organizará uma tenda no deserto para que possamos assistir a passagem da caravana.

Por módicos $ 150 (cento e cinqüenta dólares por pessoa) a gente tem direito à sombra da tenda, 5 cervejas e 5 refrigerantes.

Se os meus amigos Netão e o Samuel Greve, lerem este post eles certamente irão falar assim:_ barato heim!!!

De outro lado, se o meu amigo Leandro Zimmerman de Mirassol ler este texto ele certamente vai gritar: _ Baixou o preço?

Caro...muito caro para o que é oferecido! Mas o nome da nossa viagem é Dakar Peru 2012. Como não pagar?

Hoje sinto um pouco de ansiedade pelo que veremos amanhã. Preferi nem tomar uma cervejinha com os companheiros no final da tarde...fui passear com a Mirian em um supermercado e comprar umas coisinhas que estávamos precisando.

De volta ao hotel nos entocamos no quarto.

Comecei a navegar na net e fui lendo os comentários postados, graças a Deus todos muito carinhosos, alguns sarcásticos (o importante é não perder a piada!) e outros tantos de motivação. Isso é legal e nos ajuda muito nesta viagem.

Alguns amigos até sugeriram que escrevêssemos um livro e foi neste momento que a minha imaginação começou a dar pinotes. Será que deveríamos escrever um livro e relatar a nossa viagem?

Eu tentava desviar o pensamento, mas a minha impagável e insubornável consciência insistia em apitar na minha cabeça dizendo mais ou menos assim: _ Gustavo, o que você está fazendo de mais? O que você acha que tem para se achar diferente dos demais e se propor a escrever um livro? Qual foi a sua grande façanha que valesse a pena imprimir em capa dura e colocar a apreciação dos demais?

Neste momento resolvi então começar a escrever, como se dizia antigamente, de carreirinha(meu pai falava assim também), e expor os meus pensamentos sobre os comentários e sobre o que eu realmente penso sobre o que estamos fazendo.

Antes de mais nada eu creio firmemente que não estamos fazendo nada de mais.

Estamos viajando por países vizinhos, em grupo e até com carro de apoio. Grande façanha? Creio que não.

Estamos em uma moto nova e segura que tem a mais alta tecnologia disponível no mercado, ou seja, estamos atentos ao item Segurança. Novamente nada de mais.

E o pior. Nesta viajem encontrei algumas pessoas que são diferentes no que fazem.

Na estrada entre Nazca e Ica cruzamos com mais de 50 motos...ultrapassamos outras tantas...motos grandes, motos pequenas, motos novas motos antigas...

Cruzamos também com várias KTM’s que são pra mim o estado de arte de motos Big Trail, mas apresentam uma característica que eu não posso aceitar: são motos que tratam bem o piloto, mas judiam do garupa e eu jamais vou expor a minha esposa a uma viagem de moto e ainda desconfortável (mais?).

Em nosso hotel chegaram motos do Equador, da Colombia, do México, do Brasil (Porto Velho) e andei proseando com alguns destes pilotos, e pelo que percebi a nossa aventura não é nada se compararmos a que estes caras já fizeram e fazem

O Marcelo (arquiteto de Porto Velho) subiu a cinco dias atrás a estrada da morte, em um trecho onde não passaremos por ser o mais severo...e subiu com sua KTM (olha esse nome de novo...ai ai ai) à noite, tem base?

O cara tem mais de 10 anos de off-road e esta com outros amigos que já participaram do Rally dos  Sertões e do próprio Dakar. Talvez estes caras pudessem escrever um livro...

No motociclismo também tem isso...a pessoa que anda com as motos mais nervosas tendem a ser mais altivas (não estou falando em relação ao Marcelo, mesmo porque ele nos deu todas as dicas que precisávamos).

Só não sei se eles, o grupo do Marcelo, ao escreverem um livro irão contar que um deles acabou de quebrar 6 costelas na subida da estrada da morte...

Como diz Aldir Blanc na música A Banca do Distinto: “A bruxa que é cega esbarra na gente e a vida estanca”...

O fato é que encontramos vários motociclistas que já rodaram meio mundo e quase que a totalidade se considera uma família. Isto é realmente interessante!

Um grupo de equatorianos também se tornaram amigos...iremos para a tal tenda (a caríssima) amanhã...pelo que deu pra notar já estamos grandes amigos.

Conheci um casal de ingleses (Jeff e Louise) que já está marcando um tour pela Europa para que eu e a Mirian possamos ir...logicamente de moto (alugadas lá, lógico!).

Percebi então que não estamos fazendo absolutamente nada de mais...apenas realizando um sonho comum.

Cruzamos com alguns motociclistas que já rodaram meio mundo sozinhos...sem qualquer assistência...expostos a tudo...estes são diferentes...

Uma vontade de transpor algumas barreiras e ao começar a pensar nisso me veio uma leva de pensamentos à minha mente.

Lá vai...

Diante dos comentários para que escrevêssemos um livro eu percebi que as pessoas que comentaram neste sentido nunca andaram e/ou viajaram de moto, pois nenhum amigo motociclista postou comentários neste sentido e a razão é simples: porque eles sabem que viajar de moto é normal!

Penso então que existe sim um abissal diferença entre quem anda e quem não anda de moto!

Alguns não andam porque acham perigoso...

Uns porque a esposa não gosta...

Outros porque nunca se interessaram...

E por fim os que dizem que não gostam e ponto, sem maiores explicações...

Quando comecei a andar de moto percebi que eu não era mais uma pessoa “normal” afinal eu queria viajar de moto e os meus mais chegados amigos falavam: você é doido!

Neste momento eu penso que transcendi a um nível superior na escala das pessoas na terra. E seria muito pouco pontuar essa diferença apenas entre quem anda ou não de moto.

A diferença é maior, muito maior!

A diferença é entre pessoas que realizam ou não sonhos...entre as que vivem domesticadas e as que querem sugar desta vida morna um pouco mais...entre os que viajam de moto e os que não. A diferença é contextual, mas é simples.

Cada um se liberta do jeito que achar melhor...o importante é viver melhor esta vida...andar de moto foi causa, nunca foi conseqüência...

“Eu que não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar”...assim disse o famoso Raul na musica Ouro de Tolo...

Algumas pessoas podem achar um monte de coisas sobre viajar de moto, podem até torcer o bico, mas quando passamos...todos vestidos e protegidos (praticamente paramentados) estas pessoas não ficam indiferentes...umas declaram a sua vontade de estar conosco e acenam, tiram fotos, dão passagem, se tiverem alguma chance nos indagam uma infinidade de questões...querem saber tudo!

E eu aposto que os enrustidos, aqueles que só criticam quem viaja de moto, no momento de se deitarem a noite, pensam: porque eu ainda não andei de moto?

Alguns pensarão assim: nossa, minha vida passou e eu deixei de realizar meus sonhos, pois no inicio da minha vida eu tive uma moto....

Ou ainda: porque fiquei com medo de andar de moto por todos estes anos?

De verdade é assim que me sinto: uma pessoa normal, mas disposta a enfrentar meus medos em busca de viver melhor...de tirar desta vida um pouco mais...de ultrapassar as barreiras do homem medíocre que desde sempre acha que moto é perigoso e desconfortável.

Francamente eu hoje prefiro uma boa moto do que um bom carro. E olha que já possuí bons carros...

Não quero que ninguém me entenda errado, só quero que saibam de verdade como me sinto. E eu me sinto normal, sem nada de mais...

Certa vez uma pessoa (muito bem sucedida financeiramente) comentou com minha mãe (que não perde uma chance de falar verdade...) que estava pensando escrever um livro sobre a sua história sendo que minha mãe assim lhe respondeu: _ porque você não espera o Antonio Carlos Magalhães (ainda vivo na época) escrever um livro e depois escreve o seu?

O que ela quis dizer foi que para se escrever um livro há que se ter conteúdo, ou fazer algo extraordinário. E ficar rico não tem nada de extraordinário, mas aquele incauto “escritor” foi falar de suas idéias justamente para a minha mãe?

A minha mãe também sempre diz: _ tem gente tão pobre, mas tão pobre que só tem dinheiro!

Creio que eu a minha amada Mirian tenhamos conteúdo (e muito) mas não fizemos nada de extraordinário (ainda...)...e o nosso conteúdo não nos credencia (e nem queremos) a escrever uma obra.

No fim eu acho que estou divagando porque não me sinto confortável ao imaginar que as pessoas (os meus queridos amigos) possam imaginar que estejamos fazendo algo de extraordinário, simplesmente pelo fato de não estarmos!

Se duvidarem de mim eu faço uma aposta: façam uma viagem de moto e se acharem algo tão diferente assim eu pago dez reais! O valor é simbólico, mas é que espero uma grande adesão a este desafio...rsrsrs

Como já disse em outras postagens, viajar de moto é se integrar a paisagem...e isto nenhum outro meio de transporte motorizado proporciona.

Eu e Mirian estamos bem, estamos seguros, bem cuidados e bem alimentados. Não estamos fazendo nada de mais...acreditem! Assim eu me sinto melhor...

Acreditamos cada dia mais que a vida é deliciosa demais para passar em cinza...queremos todas as suas cores e tons. Queremos todos seus sabores e jamais comeremos os prato feitos que tentarão nos oferecer. O padrão “seguro” de comportamento é relativo...

Para encerrar eu me recorro novamente ao Raulzito:

“Eu devia estar contente por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado que eu estou decepcionado...
Porque foi tão fácil conseguir e agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção de coisas grandes prá conquistar e eu não posso ficar aí parado”...

Um beijo a todos e fiquem com Deus!

Ps. Mãe, pode ficar tranqüila, não vamos escrever livro nenhum! rsrssr

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Nono dia de viagem – Quinta-Feira - 11/01/2012 – Chaluanca à Ica, passando por Nazca


Em minha opinião o melhor dia de viagem até agora, apesar de um inconveniente que irei relatar.
Estávamos preocupados com o frio, pois se pegássemos esse trecho sem sol e com chuva, a temperatura com certeza seria menor que zero grau.
Nossas preces foram atendidas e deixamos Chalhunca acompanhados do ansiado sol, as 6:00 horas com destino a Nazca para fazer o sobrevôo pelas famosas linhas nos topos das montanhas, que até hoje não tem explicação científica.
No início da viagem continuamos apreciando as deslumbrantes paisagens já descritas no dia anterior, com as gigantescas montanhas, vales, paredões, e os rios que desciam das montanhas.
Saímos de uma altitude de 2800 metros e temperatura de aproximadamente 14 graus, mas conforme já era previsto chegamos a altitude de 4.520 metros e uma temperatura de 4 graus!! Conforme foto já postada.
Dessa vez estávamos preparados e nossa estratégia da quantidade de roupas deu certo e pudemos curtir a viagem. Quase congelei minha mão, mas a paisagem era tão deslumbrante que não consegui parar de fotografar.
Conforme íamos avançando a paisagem iam se transformando, a vegetação foi diminuindo pouco a pouco, com árvores menores, e depois ficando mais rasteira.
Começamos então subir as montanhas e observar a paisagem de cima para baixo, com assombrosos precipícios, que em alguns momentos tive que parar de fotografar devido a vertigem. A medida que subíamos as montanhas o clima que até então era muito frio passou a esquentar rapidamente chegando a 33 graus.
Um momento mágico foi quando em meio há vários paredões que passávamos entre as montanhas avistamos o que parecia uma neblina e pensamos que iríamos enfrentar novamente uma redução da temperatura ou chuva.
De repente avistamos dentre as montanhas ainda com vegetação rasteia, uma gigantesca montanha branca, isso mesmo, uma imensa duna! E aí percebemos que o que vimos não era neblina, mas sim areia e o monte que avistamos era uma duna de areia. Simplesmente fantástico!
A cada curva, que eram muitas, tínhamos uma nova surpresa, a vegetação que já era rasteira sumiu completamente, sendo trocada pela areia, e o deserto passou a nos acompanhar, mas a paisagem continuava magnífica...
Chegamos então a Nazca para o sobrevôo às figuras enigmáticas feitas nas montanhas. Nos preparamos para o embarque juntamente com o nossos companheiros de viagem Dean e Luciana.
Assim que o avião decolou comecei a sentir muito calor, a aeronave era muito pequena e abafada. Na primeira figura comecei a sentir tontura, na segunda náusea...mas continuei firme com os incentivos do Gustavo que pedia pra eu respirar. Em seguida o Dean (que é médico...rsrsr) também começou a suar muito e passar muito mal, bem pior que eu. Resultado, tivemos que voltar quando ainda faltavam quatro figuras, e eu e o Dean vamos ter que ver as linhas de Nazca no Google...kkkkk.
Mas pelo que nos relataram o nosso amigo Reinaldo ficou pior que eu e o Dean juntos.
Após o sobrevôo e estando todos melhores, continuávamos a viagem até Ica, por mais 140 quilômetros até o Hotel El Carmelo, onde acompanharemos no sábado o Rally Dakar.
Continuaremos a mandar notícias e obrigado pelo carinho dos parentes e amigos que nos acompanham. Beijos a todos e fiquem com Deus!

Sétimo dia de viagem – Quarta-Feira - 10/01/2012 – Cusco à Chalhuanca


Por Mírian:
Acordamos às 4:00 horas da manhã para sair bem cedo de Cusco, já que entraríamos novamente na Cordilheira dos Andes, e neste período poderíamos pegar muito frio e chuva. No entanto, como as motos estavam num estacionamento distante do Hotel, e devido ao trânsito, conseguimos sair da cidade apenas as 07:30.
A paisagem continuou deslumbrante, com as gigantescas montanhas, vales, paredões, e os rios que desciam das montanhas, que por longos trechos nos acompanham paralelamente na rodovia, como vcs podem observar nas fotos.
Mas graças a Deus nosso objetivo foi atingido, rodamos 320 km e chegamos à 13:00 horas no Hotel Fazenda Tampomayo, próximo a Chalhuanca, encravado no meio da cordilheira, num vale, com uma paisagem inesquecível, rodeado por montanhas de todos os lados, passando um rio que descia das montanhas. Lindo!
Ficamos totalmente isolados nesse lugar, sem telefone, sem internet, e sem nenhum meio de comunicação. Graças a Deus!!!
O que no início pareceu um problema, já que não tínhamos como mandar notícias aos nossos familiares, com passar das horas isso nos deu muita tranqüilidade e paz, e entendemos que o isolamento fazia parte daquele lugar. Todo o Grupo aproveitou para descansar, afinal estávamos com sono atrasado de duas noites que dormimos por apenas 4 horas.
Por conta da ausência de net, só agora estamos postando este relato.
Beijos a todos!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Sétimo dia de viagem – Terça-Feira - 10/01/2012 – Enfim Machu Pichu!

Sétimo dia de viagem – Terça-Feira - 10/01/2012 – Enfim Machu Pichu!
Hoje acordamos cedo (03h00min) pois precisávamos pegar o ônibus que nos levaria para Ollantaytambo (2 horas) de onde pegaríamos o trem para Aguas Calientes (1 hora) e dali um novo ônibus para Machu Pichu (40 min).
No primeiro trecho eu e a Mirian desmaiamos! Estávamos mal dormidos e cansados, e como ainda era noite aproveitamos as quase duas horas de viagem para descansar.
No segundo trecho, até Aguas Calientes tivemos a oportunidade de apreciar as imensas cordilheiras da região. O trem percorre todo o trajeto ao lado de um rio que confesso ter esquecido o nome. O passeio é muito interessante e depois de quase duas horas chegamos a Aguas Calientes, um vilarejo muito aprazível com dois rios cortando seus limites. Aproveitamos para fazer um lanche e depois de alguns minutos pegamos o ônibus que nos levaria a Machu Pichu.
Já durante a subida pudemos perceber a nossa insignificância perto das Obras Divinas que nos circundavam. Montanhas altíssimas, rios formados com água de degelo de montanha e uma vegetação as vezes baixa e as vezes exuberante. Magnífico!
Após o desembarque e os tramites de ingresso no parque arqueológico (alias tudo muito bem organizado!) iniciamos o nosso passeio.
O lugar é simplesmente maravilhoso! A gente se sente muito pequeno perto da grandiosidade do local. As construções, as canaletas de água que perduram até hoje, a paisagem ao redor, a tecnologia usada pelo povo que ali viveu nos faz refletir sobre a nossa tecnologia. Apenas um exemplo: na época dos Incas eles desenvolveram aproximadamente 4500 espécies de batata, e certamente não eram transgênicas!
Andamos por todo o local e almoçamos no restaurante do parque. Depois do almoço eu e Mírian resolvemos voltar para Cusco, tendo em vista que o nosso trem seria o ultimo a sair de Aguas Calientes, as 19h00min e pela nossa conta chegaríamos mais de 23h00min no hotel. Diante do fato de que amanha teremos que pegar a estrada cedo, entendemos por bem em adiantar o nosso regresso ao hotel.
No entanto, como nem tudo é perfeito, tivemos que comprar outro traslado de Aguas Calientes para Ollantaytambo e depois Cusco, pelo valor de $ 75 por cabeça, ou seja, gastamos 150 dólares apenas para voltar para o hotel.
Gostamos muito de Machu Pichu, mas no nosso entendimento já tínhamos visto o que queríamos ver e diante do inexorável fato de termos que acordar cedo no outro dia, decidimos literalmente comprar o nosso descanso. Valeu a pena!
Descemos em um trem de outra empresa, com um serviço de bordo diferenciado que teve até apresentação de danças típicas. Gostamos muito!
Amanha seguiremos para Chalhuanca, a 320 km daqui e deveremos passar no ponto mais alto da viagem.
Pra falar a verdade eu já estou agoniado para andar de moto novamente!
Um cidade histórica como Cusco merece pelo menos uns 10 dias para que se possa conhecer efetivamente todo o seu potencial turístico e como o nosso tempo aqui já foi eu to querendo mais é pegar a estrada!
Gostaria de fazer um registro em relação à família do Dr. Oscar de Jauru e toda a sua família. Tem sido um prazer estar nesta viagem com vocês. A animação da Sra. Lana é contagiante (a Mirian fala o tempo todo: _ Nossa, como ela é animada!) e é muito gratificante ver como seus integrantes se tratam de maneira tão carinhosa. Assim que as famílias deveriam e devem ser!
Imaginem vocês que a intrépida Sra. Lana encontrou uma falha nos chamados trabalhos perfeitos dos Incas. Vou postar daqui a pouco a foto para comprovar tal assertiva.
Um beijo para toda a família Velasco, vocês são especiais!
Agora eu e a Mirian vamos arrumar a carga do nosso Bitrem (apelido da nossa motocicleta...culpa do Carlão e do Rogério).
Beijo Grande e fiquem com Deus!

Sexto dia de viagem – Segunda-Feira - 09/01/2012 – City Tour em Cusco e Jantar Peruano.

Sexto dia de viagem – Segunda-Feira - 09/01/2012 – City Tour em Cusco e Jantar Peruano.
Hoje tivemos a manhã livre sendo que após o almoço fizemos um city tour pela cidade.
Caia uma chuva fina e intermitente, mesmo assim percorremos os principais pontos históricos da cidade, começando pela catedral principal (Arzobispado Del Cusco). Simplesmente deslumbrante! Uma pena que não se pode fotografar em seu interior.
Depois fomos para o Convento de Santo Domingo Del Cusco, mais conhecido como Qorikancha e finalmente passamos por vários parques históricos (Saqsayhuaman, Pukapukara e Tambomachay.
A noite fomos brindados com um jantar típico peruano, em um restaurante perto da Plaza de Armas.
Gostamos muito da comida, e voltamos cedo para o hotel, pois no dia seguinte iríamos conhecer a famosa cidade sagrada de Machu Pichu.
Boa noite e fiquem com Deus!

Gostaria apenas de acrescentar que apesar de não ser católica fiquei deslumbrada com a Catedral de Cusco pela grandiosidade da obra construída em estilo barroco durante a colonização espanhola, por volta do ano de 1.200, sendo utilizados os blocos de pedras retirados das cidades Incas, destruídas pelos espanhóis durante a invasão da cidade de Cusco. Na catedral estão expostas diversas pinturas, cada uma de aproximadamente 16 m2 cada, que apesar de encomendadas pelos Bispos católicos têm forte influência da cultura Inca, e muitas apresentam mensagens subliminares, já que foram pintados pelos artistas da época que mesmo catequizados ainda mantinham sua cultura.
O que mais me chamou a atenção na Catedral além da história e arquitetura foi um de seus altares com mais de 15 metros de altura e 12 metros de largura, todo entalhado em madeira e coberto por lâminas de ouro. Antes de deixarmos a catedral eu e Gustavo fizemos uma oração. Emocionante!
Beijos a todos, fiquem com Deus!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Quinto dia de viagem - domingo - 08/01/2012 - Puerto Maldonado a Cusco/Peru – 520 km


Estavámos ansiosos por esse dia da viagem, finalmente sairíamos de uma altitude de aproximadamente 600 m para 4.870 m, passando pela Cordilheira dos Andes, e sofrendo uma redução brusca de temperatura.
Particularmente esse era o trecho que nos preocupava, pois o frio extremo é algo que não estamos acostumados no nosso velho Mato Grosso.
Até na hora de sairmos persistiam as dúvidas: colocar ou não maior proteção de frio, usar ou não capas de chuva e luvas impermeáveis, pois a informação que tínhamos é que a temperatura poderia chegar a 5 graus em poucos quilômetros devido a altitude, e não teríamos lugares para trocar de roupas, mas estávamos saindo de uma temperatura de 32 graus!!!
Entendo que tomamos algumas decisões erradas. Eu (Mirian) por exemplo sai do hotel com uma segunda pele para frio extremo e durante os primeiros 200 quilômetros cheguei a passar mal de calor. O Gustavo colocou a segunda pele na calça e suou tanto que encharcou a calça e a bota. Nossa roupa de inverno pesou muito e tirava nossa mobilidade, era difícil até para subir na moto, e quando começamos a subir acrescentamos ainda a capa de chuva já que esta era iminente.
Passamos por um vilarejo chamado Marcapata, a 3100 metros de altitude onde estava havendo uma comemoração que não entendemos bem o que significava (ficamos sabendo depois que se tratava de entrega de maquinário pela prefeitura local), mas podemos observar a população daquele lugar, que mesmo com chuva e frio se reuniam numa praça, as mulheres na maioria de saias, tranças nos cabelos, agasalhos coloridos, sandálias de couro no pé e chapéu para proteção da chuva.
As crianças muito mal cuidadas para nossos patrões, mas muito curiosas e sorridentes. Parecia que o tempo não havia passado por aí, nos sentimos em outro mundo, num filme talvez. Ficamos tentando imaginar como aquelas pessoas sobrevivem naquelas condições de pobreza e temperatura, que no inverno chega a 10 graus negativos.
Foi nesse local que tomamos o chá de coca para nos aquecer e evitar as sensações das altitudes que são tonturas, falta de ar, lentidão dos movimentos, dor de cabeça, dor na nuca e em algumas pessoas até vômitos.
Além do chá pela primeira vez masquei a folha da coca, achei muito amarga, mas se era para evitar todas aquelas sensações, achei por bem permanecer com aquela bola de folha no canto da boca.
Saímos de uma temperatura de 26 graus (altitude aproximada de 1.500 m) e atingimos o ponto mais alto (4.741 m de altitude no nosso GPS) numa temperatura de 6 graus, isso em mais ou menos 40 minutos, e percebemos que toda a roupa realmente era necessária, pelo menos pra mim, que senti frio apenas nas mãos, mesmo estamos com luvas impermeáveis e térmicas. Mas o Gustavo continuava suando com toda aquela roupa, mesmo na temperatura mais elevada.
Mesmo com o frio intenso e com a chuva que mesmo leve era constante (o que dava uma sensação térmica ainda menor), a viagem foi deslumbrante, a paisagem é inesquecível e indescritível! Tiramos muitas fotos e fizemos vários filmes, mas a impressão que tínhamos era que nas fotos não expressavam toda a grandiosidade daquele lugar.
As montanhas são gigantescas, imponentes, e em vários pontos derramavam cachoeiras que se encontra com rios de águas cristalinas e cheios de pedras. Em alguns trechos o a fluxo de água que desciam das montanhas seguia paralelamente a rodovia, deixando a paisagem da cordilheira ainda mais deslumbrante.
Durante todo o percurso, nos lugares mais ermos, altos e que pareciam inacessíveis era possível observar casas de moradia, geralmente de pedras e com criações de ovelhas ou lhamas
Paramos no ponto mais alto, Passo Abra Pirhuayani (4725 metros de altitude), e ao descer das motos algumas pessoas passaram mal, inclusive eu. Tive falta de ar e tontura, mas aos poucos fui me recuperando, com a ajuda e os carinhos do meu amado. Obrigada meu amor, te amo!
Várias crianças foram ao nosso encontro pedindo dinheiro (uma propinita), e como já tínhamos observado antes, em situação de extrema pobreza. Uma dessas crianças nos ofereceu truta assada com batatas, que estava muito saboroso, e que nós ajudou a nutrir, já que estamos apenas com o café da manhã, apesar de não termos a sensação de fome, que foi tirada pelo chá e pela folha da coca.
Essa refeição, no ponto mais alto foi fantástica, uma sensação de estar vivendo realmente uma aventura, de estar realizando um sonho, um momento mágico, uma conquista!
Na descida a temperatura foi aumentando novamente, acabamos levando aproximadamente 13 horas de viagem e chegamos em Cusco já havia anoitecido, aproximadamente 20:00 horas.
Tivemos alguns problemas com o hotel que era muito ruim, mas como nosso guia ainda não havia chegado (estava acompanhando o carro de apoio), tomamos um banho e fomos comer alguma coisa na Praça de Armas no Centro da Cidade, afinal tínhamos tomado apenas café da manhã e comido a truta com batatas. Mas assim que chegou nosso companheiro Braulio tratou que providenciar outro Hotel imediatamente, e dormimos com muito conforto no Hotel San Agustin.
A nossa única chateação, que ainda não superamos, foi que durante o percurso, quando fomos colocar as capas de chuva, talvez já atordoados pela altitude, perdemos nossa câmera onde eu tiro fotos e filmo em cima da moto, e com isso perdemos esse material. Mas não será isso que estragará nossa viagem.
Abraço a todos e um beijão especial para nossos filhos Amanda, Guilherme e Ana Beatriz. Fiquem com Deus.


Algumas palavrinhas pelo Gustavo:


Oi Pessoal, gostei muito do relato da Mirian que reflete bem o espírito da nossa viagem, mas mesmo assim gostaria de fazer alguns apontamentos sobre as minhas impressões. Acho que assim vai ficar até mais legal, pois teremos o relato sob duas óticas.

Neste trajeto, como já foi relatado acima, eu simplesmente encharquei a minha bota com o meu suor...impressionante o calor que fez, mas também a culpa era minha, uma vez que coloquei uma roupa pro frio das altitudes e não daquele calor infernal.

Durante o trajeto passamos por vários vilarejos, equivalentes a acampamentos de sem terra no Brasil, e depois fiquei sabendo que eram pessoas em busca de ouro e madeira...as condições de vida destas pessoas eu nem vou perder tempo relatando...vocês já devem ter uma noção...
A estrada pra variar era muito boa e permaneceu assim durante todo o trajeto, até que chegou o momento mais esperado por mim: a tal subida e as curvas cotovelo!!!
Para quem gosta de dirigir esta estrada é o paraíso! Curvas, curvas e mais curvas...vales, pontes sobre rios maravilhosos, cachoeiras lindíssimas e uns paredões que nos intimidavam, pois você olhava pra cima e virando sua cabeça até o final ainda não conseguia enxergar o pico!
A Floresta era simplesmente fantástica. As veze de um lado só da rodovia, as vezes dos dois...intocada, onipotente, sublime!
Eu estava com tanto calor que nem queria colocar as roupas de chuva, mas esta era a medida correta, pois em menos de 60 km saímos de 600 metros de altitude para quase 5.000!
Nesta subida mais íngreme pegamos chuvisqueiros e em alguns lugares as águas que desciam cruzavam a estrada. Por cima da estrada!
Pode parecer até bonito a idéia de cruzar águas sobre as estradas e até um tanto quanto aventureira, mas a verdade que estas águas criam um limo, um lodo mesmo no concreto e dois amigos acabaram caindo em uma dessas travessias. Graças a Deus nenhum dano! E seguimos viagem.
A temperatura despencou e no ponto mais alto eu cheguei a tirar o capacete, a balaclava e as luvas...pra mim não estava tão frio assim, pelo menos não com toda aquela roupa.
O nosso grande companheiro, o intrépido Dr. Oscar Velasco (de jauru) providenciou uma truta maravilhosa, com batatas (assadas na pedra) feita por moradores daquela região inóspita...comemos o estoque de trutas deles, ao preço de 10 solles cada...
Tinha uma turminha mais enjoada na viagem, muito preocupados em não comer isso, em não beber aquilo mas que quando viram a truta entraram literalmente de boca! Rachei de rir! Quando a fome bate na porta a frescura pula a janela! kkkk
A descida também foi igualmente maravilhosa, e tivemos o prazer de termos um pôr-do-sol andando de moto nas cordilheiras do Peru! Maravilhoso mesmo.
A nossa fiel companheira, BMW GS 1200 ADVENTURE 2010 está se mantendo firme na viagem e já ganhou o carinhoso apelido de Bitrem, pois de longe é a moto mais pesada de todas.. O duro é agüentar o Carlão Velasco e o Rogério Pimenta me mandarem parar nas balanças das estradas para fazer a pesagem!!!!kkkkk Isso é legal e eles tem sido grandes companheiros de viagem.
Ontem nos encontramos com as mulheres que vão seguir de Cusco a Lima conosco. O Grupo enfim está completo!
O Frio não me incomodou tanto, mas a Mirian sentiu bastante. Chegamos em Cusco a noite e depois de nos instalarmos no Hotel fomos jantar...aproveitei para tomar um Pisco. Em Roma como (ou coma?rs) os Romanos!
Devido a precariedade do primeiro hotel fomos forcados a mudar para outro, muito diferente! Estamos bem instalados e com muito conforto.
Faremos hoje um city tour logo após o almoço.
A cidade respira história e depois postaremos mais impressões. Devo mandar fotos hoje também.
Ainda acho que vamos encontrar a nossa câmera! Que Deus nos ajude.
Até mais e fiquem com Deus!


domingo, 8 de janeiro de 2012

Quarto dia de viagem – Rio Branco/AC até Puerto Maldonado/Peru



Hoje acordamos cedo para o quarto dia da viagem...o dia que finalmente entraríamos no Peru!

Já na saída de Rio Branco (aproximadamente uns 35 km) pegamos uma chuva torrencial, que depois ficaríamos sabendo que não nos abandonaria no decorrer do dia. Foi uma boa prova para testarmos nossas roupas impermeáveis (que nem são tão impermeáveis assim, como descobrimos...rsrsrs) pois amanha chegaremos ao ponto mais alto da viagem e por conseguinte o mais frio, e temos que nos cuidar para não nos molharmos no inicio da subida e depois ficarmos exposto ao frio com o corpo úmido.

Viajamos debaixo de chuva por vários quilômetros até chegarmos na divisa com o Peru.

Do lado nacional foi muito tranqüilo para carimbarmos o passaporte e “pularmos” para o outro lado, chegando finalmente no Peru.

No entanto os tramites de “imigracion” nos foram por demais cruéis, pois ficamos por mais de 5 horas para darmos entrada em nossa documentação, assim como das motos (o processo mais demorado, pois era feito por um único funcionário que sequer sabia digitar no computador).

Quando 17 motos estão na estrada o pior que se pode fazer é condená-las a ficar paradas e foi isto o que aconteceu hoje. Todos estávamos ansiosos para entrar nas estradas do Peru mas o procedimento simplesmente não avançava...

No final do dia uma parte do grupo que havia ficado em Rio Branco para arrumar duas motocicletas no alcançou, o que nos trouxe alivio e felicidade afinal não queríamos que os nossos amigos deixassem de completar a aventura de moto, ou quiçá sequer completassem.

O grupo entendeu por bem em avançar pois já eram quase 17h00min e se pegássemos a estrada a noite e com chuva tudo ficaria mais difícil e assim fizemos.

Desta vez tomei uma atitude diferente, pois deliberadamente fui ficando pra trás, quase sem querer...deixando o grupo sair...moto a moto eu e a Mirian ficamos na nossa solidão sobre duas rodas.

Já na entrada do Peru podemos perceber a nítida diferença dos países...asfalto perfeito, vegetação muito mais preservada, sinalização horizontal, vertical e....uns 40 quebra molas em um trecho de menos de 150km!

A perfeição do asfalto e a grandeza de algumas obras a margem da rodovia contrastavam com a pobreza contundente que se desenhava a cada povoado que passávamos. Construções precárias demais, casas pequenas demais, pessoas sofridas demais.

Apesar deste contraste as crianças nos acenavam com uma felicidade radiante nos olhos e quando o aceno era respondido por nós (e sempre os acenos foram respondidos!) os gritos dos pequenos peruaninhos invadiam o silencio de nossos capacetes e ficávamos também extasiados com aquela situação. Um simples aceno causava tanta felicidade...será que poderíamos fazer mais por eles?

Se começarmos a pensar nesta desigualdade a gente acaba pirando...mas é necessário refletirmos sempre sobre a necessidade destas pessoas e ver o que nos sobra, o que pode ser partilhado, o que podemos fazer para que de alguma forma ajudemos a diminuir esta diferença, esta desigualdade.

É difícil falar sobre isso...a gente acaba indo longe demais...voltemos a viagem!

Como disse em linhas acima, de propósito fiquei para trás no grupo e por mais de 200km eu e a Mirian curtimos um passeio simplesmente maravilhoso...a chuva, apesar de nos rondar deu uma trégua e no final do dia tivemos um por do sol maravilhoso.

Por vários momentos ficamos sozinhos na estrada...selva amazônica intocada dos dois lados, arvores enormes, cheiro de chuva e os olhos no horizonte...esta solidão a dois na motocicleta em um local como o Peru é maravilhosa...a gente se conecta com uma energia diferente e de alguma maneira reza para que este sentimento não se acabe...

Nas viagens de moto os instintos trabalham de maneira diferente e durante alguns anos sonhei com uma viagem como essa...hoje foi o inicio da realização deste sonho, pois somente em terras peruanas encontrei o que estava buscando...a paisagem perfeita, o momento perfeito, o horário perfeito e olha que esta somente começando.

O melhor de tudo é poder estar, nesta viagem perfeita, também com a companhia perfeita.

Isso faz toda a diferença, pois sabemos valorizar cada pingo de chuva, cada curva que vencemos, cada paisagem que fica gravada de maneira indelével em nossas memórias...um beijo para o meu amor, que sabe dar valor a tudo que fazemos juntos. Te amo!

Pode ser que não consigamos tirar fotos de tudo que queríamos para mostrar para os nossos amigos, mas as imagens que presenciamos hoje jamais serão esquecidas.

Hoje fiquei pensando o tanto que eu gostaria que meus amigos estivessem comigo nesta viagem, pois a medida que a moto ia avançando eu imaginava cada um deles comigo, e por um momento eu tive a nítida sensação que eles estavam, pois eu os levava no coração que é lugar onde devemos guardar quem nos são queridos e amados. Lembrei de quase todos, em cada curva eu lembrava de uma pessoa, de um amigo, de um acontecimento que envolvia as amizades especiais que possuo...e quando acabou os 200km de curvas eu pensei: _mas já? Ainda não lembrei de todos meus amigos!

Amanha partiremos para Cuzco...teremos 550km de curvas...saíremos de pouco mais de 280 metros para quasse 5.000 metros de altitude.

A viagem deve durar 12 horas.

Vou levar novamente todos os meus amigos e começar novamente a lembrança...acho que agora o tempo vai dar para lembrar de todos...mas...e se faltar curvas?

Beijo grande para todos e fiquem com Deus!