quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Vigésimo dia de viagem – 23/01/2012 – Campo Grande/MS – Cuiabá/MT

Vigésimo dia de viagem – 23/01/2012 – Campo Grande/MS – Cuiabá/MT

Nosso último dia de viagem!

Nosso amigo Dean e sua esposa Luciana nos convidaram para passar pela loja da Harley-Davidson em Campo Grande e novamente saímos depois do grupo.

A viagem foi muito tranqüila e em temperatura agradável enquanto estamos no Mato Grosso do Sul, mas ao se aproximar no nosso Mato Grosso começamos a sentir muito calor, o que não foi surpresa pra ninguém, e pra falar a verdade estamos até com saudade.

Estávamos cansados, com saudades da nossa família e de nossos filhos, mas com a satisfação de terminar o percurso com saúde, sem nenhum problema grave, e com o grupo unido.

Nosso grupo se tornou uma grande família durante a viagem, e acredito que as amizades que fizemos serão para sempre!

Foram quase 10.000 km de estrada. Paisagens deslumbrantes que ficarão para sempre em nossas memórias.

Ainda queremos ir a Ushuaia...mas aí já será uma outra história.

Décimo Nono dia de viagem – 22/01/2012 –Corumbá/MS – Campo Grande

Décimo Nono dia de viagem – 22/01/2012 –Corumbá/MS – Campo Grande

Às nove horas da manhã retornamos ao serviço de imigração na fronteira para fazer os procedimentos de baixa no passaporte e regularizar a saída das motocicletas.

Para nossa surpresa a fila na imigração boliviana estava gigantesca devido a falta de energia que tinha ocorrido no início da manhã. E mais, o serviço de alfândega estava fechado! Resultado, perdemos quase que toda a manhã na fronteira, demos baixa nos nossos passaportes, mas a motocicletas ficaram sem dar saída da Bolívia. Teremos que voltar a Bolívia para proceder com a tal baixa, mais uma lembrança da desorganização boliviana.

Almoçamos em Miranda todo o grupo junto, como muito tempo não acontecia, e nos despedimos de companheiro Cavalcante que pegou outro caminho para São Paulo, e também do companheiro Rogério Pimenta que foi para Goiânia.

Chegamos a Campo grande por volta das 16:00 horas

Jantamos na pizzaria Água na Boca com o restante do grupo, e ainda com nossos amigos Marcio e Luiza e sua esposa, e também conhecemos a família do João Paulo e do Everton que moram naquela cidade, mais dois companheiros que se despediram.

Nós despedimos também do nosso amigo Fabiano Bazzo, apelidado carinhosamente de “Foquinha” durante a viagem, que pegou seu destino para Santo André/SP.

Décimo Oitavo dia de viagem – 21/01/2012 – Santa Cruz x Corumbá/MS



Devido a nossa ida no Bar Goss em Santa Cruz acordamos muito tarde neste dia. Quase 11h00min. E o grupo já tinha partido as 06h30min!

Já que estávamos atrasados mesmo resolvemos almoçar em Santa Cruz. Moral da história saímos as 15h00min para Corumbá. Justamente neste trecho que teríamos 40 km de terra, pois a rodovia ainda está em obras.

Fizemos nossas preces e saímos, acreditando que tudo daria certo. E apesar de alguns pequenos contratempos tudo correu bem.

Quase tivemos uma pane seca mas conseguimos uma alma boa para nos abastecer em Roboré.

A temperatura estava muito agradável e a viagem seria tranqüila, se não fosse o fato de estarmos sozinhos, viajando a noite, numa região que segundo nos informaram ocorre muitos roubos.

Atravessar a fronteira foi um grande alivio, mas como a imigração já estava fechada fomos para Corumbá (4 km) para retornar no dia seguinte e fazer os procedimentos necessários para enfim dar adeus a Bolívia.

Chegamos em Corumbá as 23h15min.

Décimo Sétimo dia de viagem – 20/01/2012 – Cochabamba x Santa Cruz



Saímos no meio da manha para Santa Cruz e andamos neste dia por três microclimas distintos.

Subimos uma grande cordilheira andando com a temperatura de aproximadamente 12 graus, e com o tempo foi se transformando em floresta amazônica, com grandes arvores nas cordilheiras.

Paramos em uma “tranca” e fomos abordados por dois policiais bolivianos que queriam revistar a nossa moto. Prontamente comecei a abrir os bauletos, mas já estava ficando nervoso com o tratamento dispensado a nós.

Meio rispidamente indaguei ao policial sobre o que ele procurava. Ele meio que sem entender disse que procuravam drogas.

Eu então disse que estávamos viajando por três países e não seriamos loucos de trazer qualquer coisa proibida em nossas motos.

Ele ficou meio sem graça e desconversou, indagando como estava a viagem.

Eu respondi que estava ótima, com exceção da nossa estadia na Bolivia, pois não conseguíamos abastecer, ninguém nos ajudava e ele já era a terceira pessoa que queria revistar a nossa moto.

Com um sorriso amarelo nos liberou e mandou-nos seguir viagem.

Neste momento a temperatura estava em aproximadamente 20 graus e logo após a descida da serra viajamos a 37 graus! Um forno!

A descida desta serra foi um pouco complicada por conta de inúmeros desabamentos que ocorreram, além das manutenções necessárias para manter o asfalto.

Releva dizer que em alguns trechos eles assentam pedras roliças no pavimento, pois são zonas geologicamente instáveis. Há que se ter cuidado nestes trechos.

No final da tarde chegamos em Santa Cruz que para nós foi uma outra Bolivia.

Após termos nos instalados no hotel fomos visitar o irmão da Mirian que estuda nesta cidade.

Mais tarde o nosso amigo Fábio de Cochabamba nos ligou dizendo que também estava em Santa Cruz e combinamos então de jantarmos no bar chamado Goss do nosso amigo Pablo Unzueta.

Jantamos comida japonesa e no final da noite ele ainda nos brindou com duas garrafas de Chandon. Santa Cruz é boa mesmo!

Décimo Sexto dia de viagem – 19/01/2012 –Corioco x Cochabamba passando pela Estrada da Morte.

Décimo Sexto dia de viagem – 19/01/2012 –Corioco x Cochabamba passando pela Estrada da Morte.

Durante toda a madrugada caiu uma chuva torrencial em Coroico, sendo que alguns amigos aventureiros que estavam atrasados acabaram se perdendo na noite anterior, entrando por estradas vicinais com ribanceiras perigosas, mas graças a Deus nada de pior aconteceu.

Pela manhã o grupo se dividiu pois apenas 8 motos resolveram tentar a subida da estrada da morte. Uma Teneré 1200, Duas BMW GS 1200, quatro V-Strom 1000 e uma...Boulevard 1500!

Não é que o nosso amigo Reinaldo, como 9 graus de miopia e pilotando uma Boulevard 1500 decidiu encarar o desafio e se dispôs a subir a famigerada estrada da morte?

Iniciamos a subida com um pouco de cautela, sentido a estrada, mas depois de algum tempo o pessoal se soltou e começamos a subir em um ritmo mais forte e em menos de 1 hora vencemos os 40 quilômetros da estrada da morte.

O visual é incrível com penhascos assustadores e paredões verdes que se projetam as vezes até por cima da estrada, mas todo o esforço valeu a pena pois aquelas imagens ficarão indelevelmente gravadas em nossa memória.

Atravessamos alguns riachos e passamos por baixo de algumas quedas d’água que atravessavam a estrada. Fascinante!

Ao terminarmos a subida apertamos o passo para cruzarmos La Paz e chegarmos a Cochabamba.

Viagem bem tranqüila, mas atravessar La Paz é uma experiência traumática. Até o GPS fica perdido. Um transito caótico e um buzinaço só!

De qualquer maneira conseguimos atravessar a cidade sem maiores transtornos e chegamos a Cochabamba no final da tarde.

Cidade agradável com um clima ameno. No entanto, como estávamos muito cansados resolvemos não andar pela cidade, apenas visitamos um velho amigo, o Fábio, onde tomamos um bom uísque e jogamos conversa fora por algum tempo.

Décimo Quinto dia de viagem – 18/01/2012 – La Paz x Corioco



Acordamos em La paz loucos para pegarmos a estrada para Coroico, onde faríamos a Estrada da Morte, tao esperada pelos motociclistas.

Na garagem do hotel um boliviano tentou nos extorquir, querendo cobrar o estacionamento das motos que já estava incluso na diária do Hotel.

Brigamos, discutimos e estávamos tentando fazer valer o nosso ponto de vista, até que chegou um sujeito chamado Alejandro, que percebeu que estávamos em apuros e resolveu nos ajudar, mesmo porque também era motociclista, como mais tarde ficaríamos sabendo.

Este senhor organizou um táxi de sua confiança para nos colocar no caminho de Coroico, mas primeiro tivemos que abastecer as motos e isto não foi fácil.

O Governo Boliviano baixou uma Lei que para veículos estrangeiros o valor da gasolina triplica e o pior: somente postos credenciados com talonário próprio podem fazer o abastecimento!

Em cada posto um policial. E em cada abordagem eles simplesmente não faziam questão alguma de serem simpáticos, muito pelo contrário.

Depois de ficarmos mais de três horas procurando encontramos enfim um posto que fez o nosso abastecimento.

Saímos de La Paz com destino a Coroico passando por “El Cumbre” uma cordilheira maravilhosa e muito gelada, que no dia inclusive chovia granizo.

Para chegarmos em Coroico pegamos uns 9km de estrada de terra, com bastante pedra e até gostamos da aventura.

Almoçamos e ficamos no Hotel esperando o restante do Grupo chegar, pois conforme já relatado nos perdemos na ida para Copacabana.

No outro dia tentaríamos subir a Estrada da Morte.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Décimo Quarto dia de viagem – 17/01/2012 – Terça-feira – Camaná a Puno


Por Mírian:
Acordamos por volta das 7 horas e ainda sem notícias do Braulio que tinha voltado para socorrer o veículo de apoio, e o grupo continuou na espera. Às 8:30 recebemos uma ligação de que o grupo já estava de saída...ou seja, mais uma vez ficamos pra trás...rsrs

Mas o percurso parecia tranqüilo: Camaná à Puno (ainda no Peru) e seguindo até Copacabana (Bolívia) às margem do logo Titicaca -  num total de 550 quilômetros de estradas com poucas curvas. As informações que tínhamos era de que chegando em Puno atravessaríamos o Lago Titicaca e estaríamos em Copacabana na Bolívia onde passaríamos a noite.

Andamos com bastante frio e em uma altitude elevada (+ de 4.000 metros).

O Gustavo ficou com sono e parou para tirar uma soneca, isso tudo antes do almoço.

Quando passávamos em uma vila avistamos um restaurante pequeno com alguns caminhões em frente...o Gustavo não hesitou: é aqui!

Entramos e vimos uma deliciosa sopa em uma das mesas e percebemos que ali servia truta, frango etc...e aí nos lembramos que tínhamos apenas 17 soles...pouco...muito pouco!

Perguntamos o preço e o atendente nos informou que o valor era de 5 soles por prato.

O Gustavo mostrou o dinheiro e disse que era tudo que tínhamos e então o peruano nos serviu a truta, o frango e ainda a sopa e dois copos de chincha por 10 soles! Eita povo bom o peruano viu!!!

Comemos como se fosse a ultima refeição de nossas vidas. Aquela sopinha quente estava maravilhosa e ainda serviram uma costela de carneiro em uma mesa ao lado que o Gustavo pediu até para fotografar, já que não podia comer...rsrsrs

Pegamos os dez soles e pagamos a atendente que num gesto de caridade e bondade ainda nos devolveu um sol, como quem diz assim: peguem este troco, vocês estão precisando!

O Gustavo insistiu e somente depois de algum tempo ele aceitou. Fato é que tentou nos ajudar, com o que podia, ou seja, dando o desconto de 1 sol na refeição...o povo peruano é diferente!

Chegamos a Puno por volta das 16h00min, e tudo parecia perfeito, era só atravessar o Lago. Grande ilusão! Aqui começaram todos os nossos problemas...

Achávamos que o grupo nos esperaria na entrada da cidade, afinal depois da gente ainda tinha o Carlão, o Dr. Oscar, e o Reinaldo, mas como não estavam resolvemos perguntar. Na entrada da cidade, uns rapazes nos mostraram duas saídas para Copacabana, uma por terra há 300 km e outra atravessando o Lago por mais 15 km. Não tivemos dúvida, vamos atravessar o Lago Titicaca...

Passamos a percorrer as margens do Lago Titicaca, numa linda paisagem, mas confesso que nossa preocupação com o caminho nos atrapalhou de admirar tanta beleza.

Num trecho de aproximadamente 50 km perguntamos para umas 10 pessoas onde era o caminho para Copacabana atravessando o Lago Titicaca, e nos indicavam a mesma direção, indo até a cidade de Desaguadero há aproximadamente 100 km, ainda! Quando suspeitamos que estávamos perdidos encontramos o Dean e a Luciana indo para o mesmo caminho, ficamos mais tranqüilo e passamos a percorrer juntos o trecho que faltava.

Ao anoitecer começou a chover e esfriar muito chegando a 6 graus, mas a sensação térmica era bem menor. 
Enfim chegamos a Desaguadero, e nos deparamos com uma muvuca, barracas vendendo de tudo um pouco, e no meio da multidão vimos o Rogério que nos apressou a fazer os procedimentos para saída do Peru, porque precisávamos dar entrada na Bolívia, e a essa altura já eram 20h00min.

Fomos eu, Gustavo, Dean e Luciana rapidamente dar baixa no passaporte e na motocicleta, acreditando que éramos os últimos do grupo.

O Rogério nos ajudou a atravessar as pressas dizendo que tinha uma “coisa” para nos contar, mas só o faria depois.

Após atravessarmos descobrimos que ainda tínhamos que tirar fotocópia dos documentos, e ao chegar a Imigração Boliviana já estava fechando. A Luciana em um golpe de mestre (a) conseguiu entrar e começou pedir pelo amor de Deus para nos atender, e apesar do mau humor e falta de educação dos bolivianos acabaram nos atendendo, falando todo o tempo que estavam trabalhando fora do horário e que precisam receber horas extras. Fizemos-nos de desentendidos e fomos embora.

Nossa que alívio, conseguimos atravessar a fronteira! Mas ainda tinha a “coisa” que o Rogério queria nos contar.

O Rogério então soltou a bomba, nos disse que estávamos no lugar errado, que ali não era Copacabana e que o lugar mais próximo que poderíamos dormir seria La Paz há aproximadamente 100 km.

Somente então, após todo o transtorno para cumprir os tramites de imigração, fomos perceber que além de nós (eu, Gustavo, Luciana, Dean, Rogério) estavam ali somente o Alencar e o Humberto. E mais, a Dejane esposa do nosso guia Braulio (que seguia no carro do Alencar) estava ainda do lado peruano, sem seus documentos pessoais e com o documento do seu filho Braulinho que estava com o pai provavelmente na fronteira de Copacabana.

Nesse momento, não podíamos mais voltar, já tínhamos dado baixa na imigração peruana e dado entrada na Bolívia, e tudo já estava fechado. Mas também não poderíamos deixar a Dejane sozinha do outro lado da fronteira, sem nenhuma forma de comunicação, já que nossos telefones não funcionavam.

Resolvemos atravessá-la andando pela ponte, de forma ilegal, sem fazer nenhum procedimento nas imigrações. Imaginávamos que o Bráulio faria o mesmo com o Braulinho e que depois, no outro dia poderíamos fazer a regularização.

Tivemos o cuidado de enviar e-mail para informar o grupo da nossa localização, dizendo a princípio que estamos na fronteira em Desaguadero.

Decidimos, por sugestão de um brasileiro, nos hospedar em um hotel chamado Titicaca próximo a La Paz, e mandamos e-mail novamente dizendo que estávamos indo para o hotel.

Fomos então para La Paz, e lá chegamos com muito frio e embaixo de uma chuva de granizo, com aproximadamente 4 graus. Pedimos ajuda a um taxista que acabou nos levando para outro hotel, em um lugar muito estranho e sujo.

Acreditávamos que ali era La Paz, mas na verdade era uma cidade satélite “El Alto” se não me engano, era uma favela. Entremos numa rua estreita com prédios muitos altos, e mal conservados, vários bares com venda de frituras, o lixo espalhado por toda a rua, parecia que um caminhão de lixo tinha deixado tudo aquilo ali de propósito...horrível!

O hotel era estranho, muito ruim, com cheiro de cigarro, com discoteca e sala de jogos, muita gente entrando e saindo. Mas afinal já era bem mais de meia noite, e todos estavam com muito frio e exaustos pra continuar. Resolvemos passar a noite ali mesmo. O banho quente nos salvou e ficamos na expectativa do outro dia.

Fiquem com Deus!













Décimo Terceiro dia de viagem – 16/01/2012 – Segunda-feira - Lima à Camana



Por Mírian:

Percorremos o trecho de Lima a Camaná, retornando pela cidade de Ica e Nazca, onde fizemos 2 dias antes o sobrevoo de teco teco para visualizar as figuras enigmáticas.

Saímos de Lima às 4:00 horas da manhã para evitar o trânsito da cidade e chegar cedo a Camaná afinal seriam 855 quilômetros de estrada.

Em Lima deixamos as mulheres que haviam se juntado ao grupo em Cusco, Ana Carollina, Dona Lana e Lorie. Voltamos a ficar somente eu e a Luciana no clube da Luluzinha.

O nosso grupo estava muito afoito com a viagem e deixaram para tomar café da manhã em Ica. Eu e o Gustavo decidimos parar na estrada e saborear um delicioso café da manha sem pressa, afinal estamos em férias!

Gostaria de registrar aqui algumas impressões que tive das cidades e pessoas que vivem no deserto. Para começar jamais imaginei que pudesse existir uma duna de areia no meio de uma cidade, como é o caso de Ica. E mais, com um Oasis que faz a festa dos turistas. Só não dava para tomar banho como imaginaram nossas amigas Ana Carolina e Dona Lana, que foram comprar biquini ….rsrs...muito boml!

Em Ica não existe preocupação com as coberturas das construções, as casas mais humildes são cobertas apenas com uma fina palha trançada para proteção do forte sol do deserto. Até mesmo no hotel em que ficamos em Ica, as varantes e o bar era coberto com uma espécie de bambu sem nenhuma proteção contra a chuva. Isso parece estranho pra gente, mas se justifica quando descobrimos que nessa região simplesmente não chove há mais de 50 anos.

Durante o dia a temperatura é muito elevada, o sol é muito quente! Mas na sombra é bem fresco, pois a brisa é constante. Quando o sol se põe chega a ficar frio, em torno dos 22 graus. Com isso constatamos que o deserto é bem mais fresco que Cuiabá...rsrs

Voltamos a Ica e Nazca percorrendo o deserto pela estrada já conhecida, e depois seguimos pela rodovia Panamericana

Entre a cidade de Ica e Nasca, em pleno deserto e num calor escaldante, tivemos a grata surpresa de encontrar um brasileiro de bicicleta Edmilson Batista da Silva, o “Edmilson TrotaMundo” que estava a 5 anos e 11 meses na estrada, e já havia percorrido todo o Peru, publicado dois livros e estava escrevendo o terceiro.

Edmilson nos informou que será entrevistado pelo Jô Soares em Maio e em setembro gravará o programa do Luciano Huck.

Ao contrário de nós, o Edmilson não tinha nenhum equipamento de segurança, estava sem capacete, luvas, boné, protetores de joelho, etc., não tinha dinheiro nem para comer, e reclamava que os brasileiros não paravam para ajudá-lo.

Demos-lhe água, algumas barras de cereal, bolacha de sal, e um pouco de dinheiro, que segundo ele lhe possibilitaria chegar até Lima, ficando muito agradecido pela ajuda.

Ficamos com a sensação de que deveríamos ajudar mais, mas não tínhamos o que fazer, aquela era a forma que ele escolheu viajar! Todas as dificuldades que víamos, que pra nós eram desesperadoras, para ele faziam parte da programação, já estava no roteiro da viagem.

Edmilson fez relatos dos lugares maravilhosos que passou, dizendo que para ele somente daquela forma era possível apreciar tanta beleza, e ter a sensação de liberdade.

Pensei que nosso sentimento em relação a ele, talvez fosse o mesmo sentimento que algumas pessoas têm quando falamos que deixamos nossa casa, nossos filhos, o conforto de um carro para viajar por um período de 20 dias de moto, atravessando três países. No fundo estámos buscando o mesmo que o Edmilson, a sensação de liberdade através do contato direto com a natureza. A diferença é que conseguimos isso com a moto, e o Edmilson com sua bike.

Por fim, o Edmilson nos deixou uma mensagem sensacional que resume tudo: “Não importa...pois antes da sua BMW 1200 ou da minha bicicleta toda remendada, é preciso ter O ESPÍRITO...”.

O fato é que nosso encontro com o Edmilson nos trouxe uma energia nova, revigorante, fazendo com que nossa viagem ficasse muito mais leve e tranqüila, nos fazendo acreditar que o ser humano realmente não tem limite.

Esse encontro nos provou algo que já sabíamos: não estamos fazendo nada de extraordinário mesmo!! e não temos nenhum motivo pra escrever um livro, como nos sugeriram.

Estamos realizando uma viagem que idealizamos, conhecendo lugares diferentes, pessoas diferentes, tendo contado com outras culturas, e em muitos aspectos apreendendo a valorizar o nosso País e nossa cultura também.

Nossos relatos são feitos sem nenhuma formalidade, ora na primeira pessoa do plural, ora na primeira pessoa do singular, as vezes com erro de concordância, com linguagem coloquial, sem tempo sequer de corrigir o texto, realmente como se estivéssemos contando despretensiosamente nosso dia para um amigo.

E essa liberdade de escrever sem preocupação, apenas para registrar nossos momentos e impressões da viagem (muitas vezes até divagando) é que nós dá prazer, fora isso é obrigação, palavra totalmente vetada da nossa viagem!








Bom, deixando nossas divagações de lado e voltando ao nosso percurso...rsrs...

Conforme avançávamos a paisagem do deserto foi sendo modificada aparecendo gigantescas montanhas áridas. O vento que era constante trazia a areia do deserto para dentro da pista, desafiando a habilidade do meu piloto querido, que nos conduziu com toda segurança como sempre. Em vários trechos vimos máquinas escavadeiras retirando a areia da pista...

Sabíamos que naquela estrada chegaríamos ao Oceano Pacífico, em determinado momento começamos a visualizar ao longe o que parecia ser uma miragem do deserto...E a cada curva parecia que iríamos chegar até ele. E chegamos!

A paisagem era deslumbrante, do lado esquerdo o cinza do deserto com montanhas áridas esculpidas pelo vento, e do lado direito as águas azuis e brilhantes do Pacífico que em vários trechos se chocavam contra as pedras escuras dos penhascos a beira da estrada. Como se não bastasse, aliado a tanta beleza, o trajeto ainda era em grande parte percorrido em curvas...simplesmente inesquecível!! Essa paisagem nos acompanhou por aproximadamente quatro horas seguidas...

Não resistimos e por várias vezes paramos para tirar fotos daquela vista maravilhosa, e pra variar acabamos ficando para trás do grupo, o que não era um problema, afinal eu e o Gustavo nos divertíamos muito tocando no nosso ritmo.

Por volta da 13:30 hora, quando já estávamos conformados em almoçar barrinha de cereal e bolacha de sal, o Gustavo avistou uma placa que nos indicava um restaurante a 1.800 metros da rodovia, em uma vicinal de chão em direção ao mar.

Íamos ficar mais atrasados ainda do grupo, mas não resistimos e fomos ao Restaurante Puerto dos Incas, a beira do Pacífico, com uma vista incrível. Pedimos ceviche de entrada, e mais dois pratos de peixe, um verdadeiro banquete no meio do nada.

Chegamos no final da tarde em Camaná, e ficamos sabendo que o nosso guia Braulio teve que retornar para socorrer o carro de apoio que havia quebrado, e que só chegaria no dia seguinte.

A preocupação do grupo é com o horário de sair no dia seguinte, já que o Braulio ainda não chegou e no dia seguinte vamos atravessar a fronteira com a Bolívia...mas isso já será outro dia...

Obrigado a todos pelo carinho, e até amanhã.

Beijos e fiquem com Deus!

Décimo Segundo dia de viagem – 15/01/2012 – Domingo – Lima/Peru


Hoje acordamos tranquilos para irmos ao centro de Lima assistir a premiação dos vencedores do Dakar.

Fomos praticamente todos uniformizados e quando chegamos no centro uma coisa engraçada aconteceu.

O Fabiano Bazzo (Foquinha) levou uma bandeira do brasil e o pessoal resolveu andar com esta bandeira aberta, que contrastava com o nosso uniforme laranja...fato é que os Peruanos começaram a nos aplaudir...não sei se pensavam que éramos uma equipe do Dakar ou apenas uma delegação...

Aplaudiam e nos paravam o tempo todo para tirar fotos...uns gritavam: Viva Brasil!!!

E o negócio foi aumentando...a cada esquina mais e mais pessoas nos paravam, nos aplaudiam e gritavam...a gente respondia: Viva Peru!!!!

Em meio a isso tudo os carros, motos, caminhões, protótipos e quadriciclos passavam...uns pilotos de moto até davam umas empinadinhas pra turma ir ao delírio...

Depois de umas duas horas andando no sol e vendo tudo o que tinha pra ser visto resolvemos ir almoçar no shopping...

Pegamos uma taxi que nos deixou ao lado de uma praça...e eu, gastando o meu espanhol, ainda lhe indaguei onde estaria o shopping, já que após a praça tudo que se via era o mar, alguns metros abaixo...

O motorista simplesmente disse que era ali e pronto! Assim descemos do taxe, meio incrédulos ainda e ao indagarmos o guarda municipal ele nos mandou descer a escada que nem percebemos que existia e somente então podemos entender que o shopping era incrustado na falésia!

Simplesmente maravilhoso! De praticamente todos os lugares do shopping se avistava o pacífico...e nem ar condicionado era necessário...a brisa marítima refrescava muito o ambiente. Um espetáculo!

Almoçamos uns cortes argentinos de carne e depois fomos comer alfajores e sorvete no café Havana tendo o oceano como companhia...

Voltamos ainda ao centro para tentar comprar algumas lembrancinhas do Dakar, mas isto era quase impossível naquele momento.

Chegamos ao hotel cansados e fomos arrumar a carga do nosso Bitrem.

Ainda deu tempo de comer um ceviche e um arroz com mariscos, muito bom!

Adoramos a capital Peruana, uma cidade muito bonita e bem cuidada, o único senão é que na praia o pessoa deita em colchões, porque grande parte da orla é de pedras...rsrsrs

Boa noite a todos e fiquem com Deus!

Gustavo.















quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Enfim o dia do Dakar!

Sábado 14 de janeiro de 2012 

Oi pessoal, somente agora conseguimos um tempo para postar as nossas impressões sobre os dias em que assistimos a passagem do Dakar em Ica, a premiação em Lima e a nossa viagem até Camaná e Copacabana...conforme vocês verão na seqüência de posts nem tudo saiu como estava esperado.

Hoje acordamos as 07h30min, uma vez que o nosso ônibus só sairia as 09h00min no entanto sabe-se lá por qual motivo, bateram a nossa porta as 08h15min dizendo que estávamos atrasados. Pulamos rapidinho e alcançamos o ônibus em um posto de gasolina e então descobrimos que o que havia acontecido na realidade é que o Dakar estava adiantado. Quanta organização...

Entramos em um gaiola que por aqui eles chamam de “tubulares” e partimos cruzando o deserto...motor V8...suspensão por feixe de molas...e uma tração 4x4 que não funciona! O motorista/piloto/imbecil da gaiola ainda ficou tentando uma meia hora subir uma duna e somente quando outra gaiola chegou dizendo, para o meu desespero, que as primeiras motos já estavam passando foi que pulamos na outra e fomos literalmente voando para a tal tenda...o cara estava correndo demais...muito mesmo, ultrapassando as outras caminhonetes nas dunas com a diferença que as outras caminhonetes tem air bag’s e muito mais equipamentos de proteção...

A Sra. Mirian não perdeu muito tempo e admoestou o beleza que estava pilotando...assim a velocidade voltou a níveis considerados dentro da normaldiade.

Chegamos na tenda e fomos direto para onde a caravana passaria...simplesmente emocionante! O único senão foi que as motos da ponta já haviam passado e as que passavam agora já não aceleravam tão forte...mas mesmo assim temos que respeitar os caras...depois de tantos dias naquele batidão só de estarem ali já eram heróis!

Esperamos um punhado de tempo e nada dos carros...apenas motos e quadriciclos...já tava ficando quase entediante...

Não sei se vocês sabem, mas eles largam as motos, depois os quad’s, depois os carros e protótipos e ao final os caminhões....e estes caminhões andam forte, muito forte!

Estávamos debaixo de um sol escaldante e decidimos ir a tenda, que ficava uns 300 metros da passagem do rally...tomamos uma cerveja (Cusqueña) e um água e eis que aparece no horizonte uma poeira diferente...eu e o Carlão Velasco na hora falamos: Os carros!

E eles vinham andando muito forte...fomos ajeitando as coisas para descer a duna e eis que surge um barulho infernal e brota no horizonte o próprio diabo...um Hummer Laranjado...andando tudo que tinha para andar e mais um pouco...com um helicóptero em sua cola...grudado mesmo...no máximo a uns 8 metros do chão...aquela imagem jamais sairá da minha cabeça...

Eu e o Carlão fomos descendo e não é que o piloto do Hummer (Gordon) voa em uma duna na nossa frente, bate de bico e capota!





Começamos a correr duna abaixo para acompanhar o desenrolar daquele acidente, pois segundo nos consta o Gordon estava em segundo lugar no Rally e aquilo poderia mudar tudo.

Com o pouco de fôlego que nos sobrava chegamos do lado do acidente...naquele momento muitas pessoas já estavam por lá e ajudaram a desvirar o carro...

Uns saiam com pedaços de vidro, outros com carenagem...o importante era guardar o souvenir daquele momento...

Confesso que achei que ia acontecer mais um acidente, pois o carro do Gordon ainda não estava funcionando e muitas pessoas permaneciam na rota...e outros carros estavam vindo no horizonte numa velocidade impressionante para o deserto.

No meio do furdunço aparece uma bolinha verde voando no horizonte...chegando perto era nada mais nada menos que um Mini Cooper...e como andava aquele carro...escapamentos laterais com um barulho que arrepiava a todos...se bem que era apenas o nome de mini Cooper...tudo ali devia ser modificado...mas estavam andando demais!

Demorou mais um pouco e começaram os caminhões...altos, imponentes...vinham num sacolejar balanceado...andavam diferente na areia...passavam incólumes pelos obstáculos que atrapalhavam os demais...gigantes da areia...e algumas motos tinham que apertar o passo...senão seriam pisoteados por aqueles mamutes...

Ficamos ali por umas duas horas...assistimos tudo...e eu garanto que é uma experiência única...já estou programando para voltar outras vezes e acompanhar mais tempo este evento.

Juntamente com os carros que estavam disputando o rally o que mais me impressionou foi a quantidade de espectadores...com vários carros mexidos...que levavam barracas, comidas, bebidas, enfim uma grande estrutura para acompanhar aquele evento...diferente e maravilhoso.

Conversei e troquei cartões com pilotos de moto equatorianos, colombianos, apreciadores do México...a gente se sente parte de alguma coisa maior, mundial!

Depois de um tempo a passagem de carros foi ficando mais fraca...e resolvemos ir embora...afinal tínhamos que andar mais quase 300km até Lima.

Eu e Mirian ficamos no Hotel e saímos já quase ao entardecer...as 17h40min...viajamos sozinhos e a noite...muito bom! Curtindo cada quilometro daquela pista peruana maravilhosa...tudo bem sinalizado...passamos por algumas cidades grandes, uma em especial me chamou a atenção..chama-se Asia é imensa para o local...tive vontade de entrar para conhecer...mas assim me separaria do grupo...

Chegamos a Lima cansados e ficamos no hotel direto...só saímos no outro dia para assistir a premiação...mas isso já é outro dia e outra história...

Beijos a todos e fiquem com Deus!








segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Viagem puxada....

Boa noite meus amigos! Estamos em Canamá...infelizmente não conseguimos parar para escrever e pstr fotos...tentaremos amanhã...
Nos desculpem por enquanto.
Fiquem com Deus!

sábado, 14 de janeiro de 2012

Escrever um livro...quem somos nós?

Oi pessoal!
Hoje pela manhã a Mírian postou nossas impressões sobre os últimos dois dias de viagem, descrevendo com perfeição tudo o que passamos e atravessamos.

A viagem realmente tem sido maravilhosa e hoje tiramos o dia para “fazer nada”!

Grande parte do grupo foi para um Oasis aqui perto de Ica, e gostaram muito. Passearam de gaiolas, e deslizaram de sand board, um nome gringo para o nosso esquibunda. Pelos comentários todos adoraram.

Eu e a Mírian no entanto, preferimos ficar no hotel o dia todo...eu postando fotos no facebook e ela descrevendo os últimos dias da viagem.

Amanha acompanharemos uma parte do Rally Dakar 2012.

O hotel que estamos hospedados – “El Carmelo” – organizará uma tenda no deserto para que possamos assistir a passagem da caravana.

Por módicos $ 150 (cento e cinqüenta dólares por pessoa) a gente tem direito à sombra da tenda, 5 cervejas e 5 refrigerantes.

Se os meus amigos Netão e o Samuel Greve, lerem este post eles certamente irão falar assim:_ barato heim!!!

De outro lado, se o meu amigo Leandro Zimmerman de Mirassol ler este texto ele certamente vai gritar: _ Baixou o preço?

Caro...muito caro para o que é oferecido! Mas o nome da nossa viagem é Dakar Peru 2012. Como não pagar?

Hoje sinto um pouco de ansiedade pelo que veremos amanhã. Preferi nem tomar uma cervejinha com os companheiros no final da tarde...fui passear com a Mirian em um supermercado e comprar umas coisinhas que estávamos precisando.

De volta ao hotel nos entocamos no quarto.

Comecei a navegar na net e fui lendo os comentários postados, graças a Deus todos muito carinhosos, alguns sarcásticos (o importante é não perder a piada!) e outros tantos de motivação. Isso é legal e nos ajuda muito nesta viagem.

Alguns amigos até sugeriram que escrevêssemos um livro e foi neste momento que a minha imaginação começou a dar pinotes. Será que deveríamos escrever um livro e relatar a nossa viagem?

Eu tentava desviar o pensamento, mas a minha impagável e insubornável consciência insistia em apitar na minha cabeça dizendo mais ou menos assim: _ Gustavo, o que você está fazendo de mais? O que você acha que tem para se achar diferente dos demais e se propor a escrever um livro? Qual foi a sua grande façanha que valesse a pena imprimir em capa dura e colocar a apreciação dos demais?

Neste momento resolvi então começar a escrever, como se dizia antigamente, de carreirinha(meu pai falava assim também), e expor os meus pensamentos sobre os comentários e sobre o que eu realmente penso sobre o que estamos fazendo.

Antes de mais nada eu creio firmemente que não estamos fazendo nada de mais.

Estamos viajando por países vizinhos, em grupo e até com carro de apoio. Grande façanha? Creio que não.

Estamos em uma moto nova e segura que tem a mais alta tecnologia disponível no mercado, ou seja, estamos atentos ao item Segurança. Novamente nada de mais.

E o pior. Nesta viajem encontrei algumas pessoas que são diferentes no que fazem.

Na estrada entre Nazca e Ica cruzamos com mais de 50 motos...ultrapassamos outras tantas...motos grandes, motos pequenas, motos novas motos antigas...

Cruzamos também com várias KTM’s que são pra mim o estado de arte de motos Big Trail, mas apresentam uma característica que eu não posso aceitar: são motos que tratam bem o piloto, mas judiam do garupa e eu jamais vou expor a minha esposa a uma viagem de moto e ainda desconfortável (mais?).

Em nosso hotel chegaram motos do Equador, da Colombia, do México, do Brasil (Porto Velho) e andei proseando com alguns destes pilotos, e pelo que percebi a nossa aventura não é nada se compararmos a que estes caras já fizeram e fazem

O Marcelo (arquiteto de Porto Velho) subiu a cinco dias atrás a estrada da morte, em um trecho onde não passaremos por ser o mais severo...e subiu com sua KTM (olha esse nome de novo...ai ai ai) à noite, tem base?

O cara tem mais de 10 anos de off-road e esta com outros amigos que já participaram do Rally dos  Sertões e do próprio Dakar. Talvez estes caras pudessem escrever um livro...

No motociclismo também tem isso...a pessoa que anda com as motos mais nervosas tendem a ser mais altivas (não estou falando em relação ao Marcelo, mesmo porque ele nos deu todas as dicas que precisávamos).

Só não sei se eles, o grupo do Marcelo, ao escreverem um livro irão contar que um deles acabou de quebrar 6 costelas na subida da estrada da morte...

Como diz Aldir Blanc na música A Banca do Distinto: “A bruxa que é cega esbarra na gente e a vida estanca”...

O fato é que encontramos vários motociclistas que já rodaram meio mundo e quase que a totalidade se considera uma família. Isto é realmente interessante!

Um grupo de equatorianos também se tornaram amigos...iremos para a tal tenda (a caríssima) amanhã...pelo que deu pra notar já estamos grandes amigos.

Conheci um casal de ingleses (Jeff e Louise) que já está marcando um tour pela Europa para que eu e a Mirian possamos ir...logicamente de moto (alugadas lá, lógico!).

Percebi então que não estamos fazendo absolutamente nada de mais...apenas realizando um sonho comum.

Cruzamos com alguns motociclistas que já rodaram meio mundo sozinhos...sem qualquer assistência...expostos a tudo...estes são diferentes...

Uma vontade de transpor algumas barreiras e ao começar a pensar nisso me veio uma leva de pensamentos à minha mente.

Lá vai...

Diante dos comentários para que escrevêssemos um livro eu percebi que as pessoas que comentaram neste sentido nunca andaram e/ou viajaram de moto, pois nenhum amigo motociclista postou comentários neste sentido e a razão é simples: porque eles sabem que viajar de moto é normal!

Penso então que existe sim um abissal diferença entre quem anda e quem não anda de moto!

Alguns não andam porque acham perigoso...

Uns porque a esposa não gosta...

Outros porque nunca se interessaram...

E por fim os que dizem que não gostam e ponto, sem maiores explicações...

Quando comecei a andar de moto percebi que eu não era mais uma pessoa “normal” afinal eu queria viajar de moto e os meus mais chegados amigos falavam: você é doido!

Neste momento eu penso que transcendi a um nível superior na escala das pessoas na terra. E seria muito pouco pontuar essa diferença apenas entre quem anda ou não de moto.

A diferença é maior, muito maior!

A diferença é entre pessoas que realizam ou não sonhos...entre as que vivem domesticadas e as que querem sugar desta vida morna um pouco mais...entre os que viajam de moto e os que não. A diferença é contextual, mas é simples.

Cada um se liberta do jeito que achar melhor...o importante é viver melhor esta vida...andar de moto foi causa, nunca foi conseqüência...

“Eu que não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar”...assim disse o famoso Raul na musica Ouro de Tolo...

Algumas pessoas podem achar um monte de coisas sobre viajar de moto, podem até torcer o bico, mas quando passamos...todos vestidos e protegidos (praticamente paramentados) estas pessoas não ficam indiferentes...umas declaram a sua vontade de estar conosco e acenam, tiram fotos, dão passagem, se tiverem alguma chance nos indagam uma infinidade de questões...querem saber tudo!

E eu aposto que os enrustidos, aqueles que só criticam quem viaja de moto, no momento de se deitarem a noite, pensam: porque eu ainda não andei de moto?

Alguns pensarão assim: nossa, minha vida passou e eu deixei de realizar meus sonhos, pois no inicio da minha vida eu tive uma moto....

Ou ainda: porque fiquei com medo de andar de moto por todos estes anos?

De verdade é assim que me sinto: uma pessoa normal, mas disposta a enfrentar meus medos em busca de viver melhor...de tirar desta vida um pouco mais...de ultrapassar as barreiras do homem medíocre que desde sempre acha que moto é perigoso e desconfortável.

Francamente eu hoje prefiro uma boa moto do que um bom carro. E olha que já possuí bons carros...

Não quero que ninguém me entenda errado, só quero que saibam de verdade como me sinto. E eu me sinto normal, sem nada de mais...

Certa vez uma pessoa (muito bem sucedida financeiramente) comentou com minha mãe (que não perde uma chance de falar verdade...) que estava pensando escrever um livro sobre a sua história sendo que minha mãe assim lhe respondeu: _ porque você não espera o Antonio Carlos Magalhães (ainda vivo na época) escrever um livro e depois escreve o seu?

O que ela quis dizer foi que para se escrever um livro há que se ter conteúdo, ou fazer algo extraordinário. E ficar rico não tem nada de extraordinário, mas aquele incauto “escritor” foi falar de suas idéias justamente para a minha mãe?

A minha mãe também sempre diz: _ tem gente tão pobre, mas tão pobre que só tem dinheiro!

Creio que eu a minha amada Mirian tenhamos conteúdo (e muito) mas não fizemos nada de extraordinário (ainda...)...e o nosso conteúdo não nos credencia (e nem queremos) a escrever uma obra.

No fim eu acho que estou divagando porque não me sinto confortável ao imaginar que as pessoas (os meus queridos amigos) possam imaginar que estejamos fazendo algo de extraordinário, simplesmente pelo fato de não estarmos!

Se duvidarem de mim eu faço uma aposta: façam uma viagem de moto e se acharem algo tão diferente assim eu pago dez reais! O valor é simbólico, mas é que espero uma grande adesão a este desafio...rsrsrs

Como já disse em outras postagens, viajar de moto é se integrar a paisagem...e isto nenhum outro meio de transporte motorizado proporciona.

Eu e Mirian estamos bem, estamos seguros, bem cuidados e bem alimentados. Não estamos fazendo nada de mais...acreditem! Assim eu me sinto melhor...

Acreditamos cada dia mais que a vida é deliciosa demais para passar em cinza...queremos todas as suas cores e tons. Queremos todos seus sabores e jamais comeremos os prato feitos que tentarão nos oferecer. O padrão “seguro” de comportamento é relativo...

Para encerrar eu me recorro novamente ao Raulzito:

“Eu devia estar contente por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado que eu estou decepcionado...
Porque foi tão fácil conseguir e agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção de coisas grandes prá conquistar e eu não posso ficar aí parado”...

Um beijo a todos e fiquem com Deus!

Ps. Mãe, pode ficar tranqüila, não vamos escrever livro nenhum! rsrssr

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Nono dia de viagem – Quinta-Feira - 11/01/2012 – Chaluanca à Ica, passando por Nazca


Em minha opinião o melhor dia de viagem até agora, apesar de um inconveniente que irei relatar.
Estávamos preocupados com o frio, pois se pegássemos esse trecho sem sol e com chuva, a temperatura com certeza seria menor que zero grau.
Nossas preces foram atendidas e deixamos Chalhunca acompanhados do ansiado sol, as 6:00 horas com destino a Nazca para fazer o sobrevôo pelas famosas linhas nos topos das montanhas, que até hoje não tem explicação científica.
No início da viagem continuamos apreciando as deslumbrantes paisagens já descritas no dia anterior, com as gigantescas montanhas, vales, paredões, e os rios que desciam das montanhas.
Saímos de uma altitude de 2800 metros e temperatura de aproximadamente 14 graus, mas conforme já era previsto chegamos a altitude de 4.520 metros e uma temperatura de 4 graus!! Conforme foto já postada.
Dessa vez estávamos preparados e nossa estratégia da quantidade de roupas deu certo e pudemos curtir a viagem. Quase congelei minha mão, mas a paisagem era tão deslumbrante que não consegui parar de fotografar.
Conforme íamos avançando a paisagem iam se transformando, a vegetação foi diminuindo pouco a pouco, com árvores menores, e depois ficando mais rasteira.
Começamos então subir as montanhas e observar a paisagem de cima para baixo, com assombrosos precipícios, que em alguns momentos tive que parar de fotografar devido a vertigem. A medida que subíamos as montanhas o clima que até então era muito frio passou a esquentar rapidamente chegando a 33 graus.
Um momento mágico foi quando em meio há vários paredões que passávamos entre as montanhas avistamos o que parecia uma neblina e pensamos que iríamos enfrentar novamente uma redução da temperatura ou chuva.
De repente avistamos dentre as montanhas ainda com vegetação rasteia, uma gigantesca montanha branca, isso mesmo, uma imensa duna! E aí percebemos que o que vimos não era neblina, mas sim areia e o monte que avistamos era uma duna de areia. Simplesmente fantástico!
A cada curva, que eram muitas, tínhamos uma nova surpresa, a vegetação que já era rasteira sumiu completamente, sendo trocada pela areia, e o deserto passou a nos acompanhar, mas a paisagem continuava magnífica...
Chegamos então a Nazca para o sobrevôo às figuras enigmáticas feitas nas montanhas. Nos preparamos para o embarque juntamente com o nossos companheiros de viagem Dean e Luciana.
Assim que o avião decolou comecei a sentir muito calor, a aeronave era muito pequena e abafada. Na primeira figura comecei a sentir tontura, na segunda náusea...mas continuei firme com os incentivos do Gustavo que pedia pra eu respirar. Em seguida o Dean (que é médico...rsrsr) também começou a suar muito e passar muito mal, bem pior que eu. Resultado, tivemos que voltar quando ainda faltavam quatro figuras, e eu e o Dean vamos ter que ver as linhas de Nazca no Google...kkkkk.
Mas pelo que nos relataram o nosso amigo Reinaldo ficou pior que eu e o Dean juntos.
Após o sobrevôo e estando todos melhores, continuávamos a viagem até Ica, por mais 140 quilômetros até o Hotel El Carmelo, onde acompanharemos no sábado o Rally Dakar.
Continuaremos a mandar notícias e obrigado pelo carinho dos parentes e amigos que nos acompanham. Beijos a todos e fiquem com Deus!